28 de dez. de 2008
UM DIA ESPECIAL - UM NOVO PASTOR
Àquele, que é poderoso para nos preservar de toda queda e nos apresentar diante de sua glória, imaculados e cheios de alegria, ao Deus único, Salvador nosso, por Jesus Cristo, Senhor nosso, sejam dadas glória, magnificência, império e poder desde antes de todos os tempos, agora e para sempre. Amém.
Sua luta, nessa etapa de preparação ainda não terminou. De braço com Anelise (que companheira!!!) voltou ao Mississipi onde luta pelo Doutorado em Teologia e, em pouco mais de dois anos, volta ao Brasil para dar sequencia à sua missão.
Deus os abençoe...muito e sempre!
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ANGÚSTIAS DE REVEILLON
Tem cheiro de saudade do tudo e do nada; tem sabor de tristeza pelo fato em Si, pelo fado em Fá, pela vida em Dó...
Um buquê de emoções que preferiríamos não portar, jamais. Mas que é inescapável, como a morte!
Adão angustiou-se, por medo, após pecar, segundo o relato bíblico do primeiro ser humano. E logo depois foi desterrado do Paraíso e começou a morrer, como sabia ter se tornado inevitável!
Estou seguro que nem toda angústia leva à morte, mas acredito piamente que toda morte seja precedida de angústia. Por isso é que, comumente, associamos nossos momentos angustiosos, com morte.
O próprio Cristo sentiu angústia, no Getsêmani, tão intensa, que suou sangue, na véspera de Sua crucificação profetizada e necessária (por nós, não por Ele)! Que Ele sabia ser inevitável.
Angústia produz calafrios, febre, seca a boca, faz doer a cabeça e as juntas. Mas também faz perdoar, minimizar algo que já causou engasgo em um relacionamento; que já forçou uma mudança de caminho, uma saída, um abandono... Quando angustiados, tudo muda de tamanho!
Florbela Espanca, a poetiza lusitana, chegou a fazer uma certa exaltação de sua própria angustia: “há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!”. Suicidou-se aos 36 anos, em 1930...
O fim de ano, de cada ano de vida ou do calendário, nos traz uma dose extra de angústia, por forçar a lembrança do inexorável tempo, que nos aproxima da tumba. O calendário – essa convenção humana – se tem o dom, sempre louvado, de nos sugerir uma chance de recomeçar, de refazer, de repensar, também nos traz a lembrança que a viagem continua, os passos não param. E que o verdugo já afia sua lâmina...
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18 de dez. de 2008
SAUDADES (COMPLETO)
A tenho d’alguns momentos,
Mas não de alguma idade!
Saudades de sentimentos
Limados na realidade...
Verdades que a vida ensina
Quando sabota ilusões:
“O homem vai cuidar do clima
Vida e Paz terão legiões,
Justiça estará por cima!”
Ah! Saudades de sonhos idos
Quando cria nas pessoas
Cria em dons prometidos
Em versos que eram loas
A valores já esquecidos!
“Honra, caráter, respeito”
“Luta limpa” ; “lealdade”
Saudade de pensar desse jeito
Não de ter menor idade
Com tanta mágoa no peito.
Saudade que pede censura
Do amor que pensava existir
Como um bem que sempre dura,
Que brilha sem queimar ou polir.
Saudade com nome? Loucura!
ESCARRADEIRA
Tudo isso como um preâmbulo para, em fim, dizer que se hoje todo mundo acha normal ser proibido fumar em tudo quanto é canto, mal sabem que, até 10 ou 15 anos atrás, não existia ambiente sem um “cinzeiro” (tem gente que nunca viu um...). Fumar era totalmente liberado aqui no planeta Terra: na sua casa, no elevador, no avião, no cinema, no metrô... O visitante, quando estava na sala da gente, simplesmente acendia o cigarro, sem pedir licença, pois era o ato mais “natural” do mundo! Se muito fino, oferecia cigarros aos “da casa” que normalmente se apressavam a oferecer um café – que faz boa dupla com o cigarro – e um cinzeiro, caso não estivesse previamente à mão, como seria normal! Havia cinzeiros de prata, de cristal, ouro, bronze, formatos estranhos, uma infinidade! Cheguei a ser um colecionador de cinzeiros...
Fumar era trivial. Nas viagens de ônibus, metrô, avião, como fosse, a maioria dos passageiros era fumante... Elevadores tinham cinzeiros incrustados nas paredes (no centro da cidade de São Paulo, nos prédios mais antigos, ainda os há!). Fumava-se na sala de aula, no cinema e no teatro. O ambiente de trabalho dispunha de cinzeiros em todas as mesas. E assim por diante...
Olhe aqui: em poucos anos alguma criança vai se escandalizar ao saber que as pessoas tinham cinzeiros em casa e que se fumava em qualquer lugar do mundo, exatamente como me escandalizei ao saber das escarradeiras. Voce também, né?
Dia desses conto a história do penico, também chamado urinol.
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Sobre supersticiosos
Outros dizem que “toda vez que eu vou ao Guarujá, chove!”. Ou seja, Deus, de repente deixa de cuidar de todos os grandes problemas do Universo para fazer chover naquele pedacinho de praia, só pra sacanear o fim de semana do supersticioso. Como ele é importante!
Bom, tem os que só viajam de gravata amarela, porque, d’outra forma, dá azar! Entendo: se a segurança da aviação soubesse que a gravata do dito cujo garante a tranqüilidade do vôo, poderia destruir os equipamentos todos do aeroporto, bem como desligar o computador de bordo e demitir o piloto. Afinal, a gravata do cara está lá, pendurada no seu pretensioso pescoço, para garantir vôo perfeito e pouso nota 10.
Ainda tem o cantor que só canta vestido de azul porque outra cor dá azar! Deus lhe deu bela voz e o dom de cantar; ele dispõe das melhores canções, treinou com os melhores mestres e se faz acompanhar dos melhores músicos. Mas seu sucesso se deve à sua “aguçada percepção” da importância da cor da roupa...
São chatos arrogantes ou não? Implicância minha? Cê acha?
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17 de nov. de 2008
CATARINICES II - DIA DE SANTA CEIA
Certo domingo cismou que queria ficar com os pais no Templo e, decisões da Catarina eram – como ainda são – um perrengue pra contrariar. Claro, foi para o templo com os pais. E era dia de Santa Ceia, que na Igreja Reformada, é uma cerimônia em que cada participante recebe um pequenino naco de pão e um pequenino cálice de vinho.
Silêncio! O maestro toca suave o piano! Igreja em contrição e Catarina observando atenta os movimentos. De repente não se contém, ao olhar o pedaciquinho de pão e o copinho de vinho nas mãos dos fiéis, e comenta, bem alto:
- “O LANCHE DAS CRIANÇAS É MELHOR"...
Claro que todos os 400 presentes ouviram e deram uma das maiores gargalhadas coletivas da história daquela igreja. Certamente Deus também riu, com gosto.
WELCOME BLUE
A última empresa azul, a VARIG, foi engolida de vez pela GOL (Grande Ônibus Lotado) e agora só serve a trechos internacionais. A VASP, a Cruzeiro e a americana PANAM também eram azuis: morreram! Assim como a multicolorida Transbrasil, a única que deixou saudades, pelo menos na minha geração, pra demonstrar que o problema não é cor. É mentalidade!
As azuis VASP, VARIG e PANAM tinham em comum a arrogância (prepotência) dos comissários de bordo e a displicência com que tratavam os passageiros. Por exemplo, em qualquer viagem, os primeiros a entrar em um avião da VASP, interrompendo a conversa das aeromoças, tinham a sensação de estar entrando em “terreno proibido”. Parecia que se podia ler em um balãozinho acima das cabeças das aeromoças (normalmente louras e bem penteadas) algo como: “Passageiros!!! Lá vêm eles perturbar nosso sossego!” Assim, quando a VASP morreu, pra tristeza (apenas) dos funcionários, poucos passageiros lamentaram.
Aliás, anos atrás, a VARIG em fase terminal, afundada pela incompetência em terra, já havia tido seus funcionários tomados pela mesma arrogância que parecia herdada da velha PANAM (onde ser maltratado era quase uma folclórica e masoquista diversão, como alguns consideram divertido ser expulso do Bar Leo em São Paulo, no fim de tarde, ou de um PUB inglês as 11 da noite). Bem, falar sobre a PANAM é tragicômico. As encarquilhadas aeromoças – popularmente chamadas “aerovelhas”, menos pela idade, mais pela ranzinzisse – louras, feias e cheias de laquê, unhas longas e saltos altos odiavam as viagens e os viajantes e não escondiam isso de ninguém. Não conheço uma única pessoa que tenha lamentado o “passamento” da PANAM. Saudade zero!
Porém a VASP, a VARIG, a PANAM – e até mesmo a TAM – começaram bem, tiveram uma fase boa em que as pessoas eram bem atendidas, os horários razoavelmente cumpridos, explicações dadas de bom grado. Passageiros eram tratados com respeito!
A GOL, nem isso. Já começou como é hoje, tosca! Só que,no começo, as passagens eram baratas e as barras de cereais (ração de bordo) eram vistas como uma piada compatível com os preços baixos. Nada mais...nada, nada mais! Agora que pratica preços altos e mantém serviços que nem para ônibus seriam adequados, a esperança na AZUL é o único balsamo para quem viaja, não por prazer, mas por força das circunstancias. Uma pena.
A VARIG do passado e a TAM, também do passado – e só para ficar em empresas ainda vivas – são prova de que é possível tratar as péssoas de forma civilizada. Pena que se esqueceram, pena que a GOL nunca tenha aprendido!
4 de nov. de 2008
CATARINICES I - dormir só?
Tinha perto de quatro anos quando se deu conta que os irmãos dormiam em um quarto, juntos; os pais dormiam em outro quarto, juntos, e ela, só ela, dormia sozinha... “sozinha?”
- “Não filhinha, você dorme com Jesus, explicou a mamãe”, acalmando-a.
Mas durou menos de 24 horas. Ela meditou muito e, no dia seguinte nos convoca, do alto de seu pouco mais de meio metro, porque teve a seguinte“idéia” (uma "adéa", segundo ela):
- “Os irmãozinhos (Emilio e Tercio) podem continuar a dormir no quarto deles; eu durmo com a mamãe no outro quarto; e o papai dorme com Jesus”. E bateu as mãos (em sinal de triunfo), gesto acompanhado de seu sorrisinho irresistível.
Bom, ganhou mais uma temporada no quarto dos pais.
25 de out. de 2008
1970 - IPAUSSU (SP)
Ai do lado um guardado do Toninho Campos (nosso "Rótula"), hoje em Penápolis (SP), sobre um grupo de teatro criado em 1970 pelo inesquecível louco e genial Hélio Brizola, à época apoiado pela Folha de Ipaussu, como atestam as assinaturas do Celso Egreja (Bina) e desse blogueiro menor, então "redator" da Folha. O convite foi mimeografado e depois individualizado ao destinatário por meio de uma máquina de escrever. Olha, quem souber, explique, por favor, a quem não sabe, o que é (ou era) um mimeógrafo (Boa sorte!Rs.).
Uma recordação gostosa, sem a pieguice da saudade inconsolável, mas com uma ternura antiga. E boa!
22 de out. de 2008
Gisele Bundchen e o EURO
Pois bem, o dólar vinha caindo frente ao euro e outras moedas. Em determinado momento, €1 valia US$ 1,20, depois 1,25, em seguida 1,30. Quando passou de US$ 1,40 (por €1), Gisele Bundchen anunciou ao mundo inteiro que seus contratos dali em diante seriam em euros. Na verdade, até acertou por um tempo, porque, no auge, meses atrás, €1 conseguia comprar US$ 1,65. Ou, um milhão de euros compravam US$ 1.650.000,00).
Mas hoje, 23.10.08, um euro compra “apenas”1,32, ou seja € 1 milhão valem “apenas” US$ 1.320.000,00... Pior é lembrar que tempos atrás €1 valia apenas 80 centavos de dólar, quer dizer, dá pra piorar.
Sabe? Fiquei pensando em fazer um acordo com La Bundchen, se ela topar: eu não tiro mais fotografias, ela não trata mais de câmbio.
(*) só para lembrar, a libra esterlina, o dólar australiano e algumas outras poucas moedas, menos importantes, são cotadas dessa forma invertida”, ou “tipo B”.
NOTA: EM 23.10.08 UM EURO COMPRAVA APENAS US$ 1,25
7 de out. de 2008
Ano 2.035 – 10 MIL DIAS - PARTE 3 (MEET JOE BLACK) - O FIM
Para sobreviver, há que se descobrir "algo abençoado", um “trem bento”, como diriam alguns mineiros, um TereBentium (o T+, significando Tê CRUZ, ou Tê BENTO) formulação possível pelo grau de deterioração da língua pós informática. Mas é só uma forma prosaica de dizer que Deus terá que operar milagres ainda maiores para manter a humanidade aqui no Planeta, eis que, se individualmente nos caracteriza - a nós seres humanos - o instinto de sobrevivência, na ação coletiva somos um bando de "lemings eternamente flertando com o o suicídio, nas tundras norueguesas." (repeti aqui, porque o Tercio adorou a expressão).
Concluo que me preocupa mais o destino do mundo, ora habitado por meus filhos, ainda no primeiro terço da vida, do que pelo meu destino próprio.
Ontem revi “Encontro Marcado” (Meet Joe Black), ao som de What a Wonderfull World e emocionei-me de novo quando o personagem William Parrish de Anthony Hopkins diz à Morte-Joe Black (Brad Pitt) que estava pronto para “ir” e seus olhos significam/traduzem exatamente isso... E essa cena segue-se a uma outra, na qual, em seu leito de morte no hospital, uma mulher negra, também no "terceiro terço", doente terminal, implora à Morte/Joe Black que a leve, porque ela, além da dor física, “já tinha todas as boas lembranças que precisava para a viagem final”. Como se fora esse o objetivo de nossa passagem pela vida.
Não, não tenho ainda todas as lembranças, nem conheci todos os prodígios, lugares e pessoas que quero conhecer e vivenciar. Mas sei perfeitamente o quão necessário é andar depressa, antes que acabe a água e o vento. E que o T+ seja rapidamente encontrado para que o tempo da Terra seja adequado aos filhos e aos filhos dos filhos.
Na minha cena final (oxalá demore muito), uma das canções que gostaria fossem entoadas seria exatamente a simbiose mágica que o hawaiano Olé Israel fez de What a wonderful World e de Somewhere over the Raimbow, na batida sonora e cheia de charme do seu Ukelele. Que, aliás, hoje ele toca em outra dimensão, como se essa simbiose tivesse completado sua obra. Muito cedo...
Ah! Se emplacar mais 10 mil dias, chego aos 83. Se prepare que vou estar up to date com o mundo até o dia de encontrar Joe Black. Sem medo...
(*) Trecho da Banda da Ilusão de Ronnie Von
E CASO NÃO CONHEÇA:
1- LEMINGS, veja: http://br.youtube.com/watch?v=VWuiGWkd7mM&feature=related )
2 -Kamakawiwo Ole' Israel - Somewhere Over The Rainbow- What a Wonderful World: veja (e ouça) em http://br.youtube.com/watch?v=oPBA2v13JUY
6 de out. de 2008
TOM, VINICIUS e CATARINA
Para mim o caminho mais curto entre minha casa e um teatro é uma visita da Catarina. Não foi diferente no último fim de semana em que, com ela aqui, no sábado, fomos assistir à peça “Tom e Vinicius, o Musical”, de Daniel Herz. Um emocionante “reencontro”com os dois amigos, compositores e bossa-novistas, características que marcaram a vida dos dois e destaque neste ano em que comemoramos 50 anos de bossa-nova. Vividos com competência e emoção por Marcelo Serrado e Thelmo Fernandes, realizam um encontro atemporal onde "recordam" momentos passados e futuros de cada um – e dos dois em dupla – revivendo encontros com grandes personagens de então, de Dolores Duran a Frank Sinatra, passando por Elizeth Cardoso, entre muitos outros. Recupera-se parte da história desde o Orfeu do Carnaval até seus últimos trabalhos juntos. Excelente seleção musical (aliás, fácil fazer com o repertório desses dois) e grande elenco de apoio. Vale a pena ser visto e curtido por quem tiver a oportunidade, mesmo que seja apenas para reviver Vinicius declamando seu "Soneto da Fidelidade", a bordo de um copo, ancorado em um bar de Paris.
4 de out. de 2008
Dolar ficando caro. Por que?
“Na opinião do consultor Emilio Garofalo Filho, ex-diretor do Banco Central, a principal explicação para o "transtorno bipolar" que afeta o mercado está na inexperiência dos jovens operadores, que nunca passaram por uma crise e agem como "maria-vai-com-as-outras". "Pouco tempo atrás, falava-se de uma valorização exagerada e agora vemos essa queda. O comportamento ziguezague é típico de quem não analisa fundamentos", afirma.
A solução, prossegue ele, é que o Banco Central volte a agir como "xerife" do mercado, "não contrariando a tendência, porém contendo esse ímpeto emocional de cada dia". Uma das formas de fazer isso é comprar e vender moeda, e outra, especialmente indicada em situações como a atual, é repassar, aos bancos que atuam nesse segmento, linhas de crédito para o exportador.
"A taxa de câmbio mais alta compensa uma eventual diminuição das exportações; entretanto, isso só é verdade se há liquidez. De pouco adianta vender e não conseguir a antecipação dos recursos. O governo tem que agir para garantir a disponibilidade de recursos", afirma Garofalo.” (A transcrição integral está no outro blog: www.cambiosdobrasil.com.br)
A principal constatação é que eu continuo bocudo e sem paciência com o bando de janotinhas que sabia tudo, dava aula pra Deus, em Inglês e em Economês, enquanto o mar estava calmo. Na primeira onda mais forte, todo mundo corre pro colinho da mamãe, quer dizer, corre comprar dólares. Como se o Brasil tivesse piorado 30% entre o começo de agosto (dólar a R$ 1,60) até hoje (dólar acima de R$ 2,00). O tempo vai me dando paciência para a maioria das coisas, menos para suportar arrogância. Ih!!!! Isso soa arrogante??
3 de out. de 2008
200 gramas de mortadela
Na padaria procurei ser gentil com o balconista:
-- "DUZENTOS gramas de mortadela, por favor!"
O olhar dele passou da surpresa à ironia quando perguntou:
-- "O senhor quer DUZENTAS gramas de mortadela???" (assim, enfatizando a feminilidade que ele atribuía à unidade de peso). Fiquei embaraçado. Dúvida: explico a ele que a grama, assim no feminino é aquela verde, que nasce na terra, um vegetal muito usado em campos de futebol e degustado, inclusive, por certos tipos de muares? Não, deixa pra lá. Seria muita arrogância, ali, naquela hora.
-- "Isso, isso, respondi. Corte bens finas por favor... as fatias!"
Voltei uma semana depois, já esquecido do pequeno percalço, mas ali estava de novo o sagaz balconista, aquele zeloso da língua à sua moda! Bem, eu já havia concordado com a inadequação de tentar explicar a masculinidade do grama, unidade de peso, ali na padaria. Tudo bem, mas adotar a forma errada – mesmo que popularmente aceita – também não me fazia a cabeça. Afinal, nos 10 anos que trabalhamos com ouro no Banco Central, cansamos de corrigir as pessoas que citavam: “as gramas de ouro”. O mínimo que alguém da equipe dizia era: “o grama é macho” (normalmente seguido de um palavrão).
Olhei pro atendente. Ele olhou pra mim e sou capaz de jurar que ficou esperando que eu “errasse” de novo. Havia um rastro de sorriso no seu rosto esperando meu pedido, quando enfim me decidi:
-- “Duzentos e CINQUENTA gramas de mortadela, por favor”. Ele nem esboçou qualquer reação que não fosse pegar a peça de mortadela e colocar na máquina de fatiar.
Agora só compro assim: 150 g, 250 g, meio quilo. Sem estressar a mim e ao atendente.
30 de set. de 2008
PRIMEIRAS RUGAS DE OUTONO
Mas voltando à terra, do norte e olhando com atenção, se percebia que a temperatura já caia pela noite e trazia nas mãos as primeiras mudanças, os primeiros amarelos e marrons salpicando o monótono verde... Como os pequenos sinais que embelezam ainda mais um rosto bonito.
Que bom que estações se sucedem... De verdade, nenhuma é melhor que a outra. Todas têm problemas e delícias. Sai do Outono do Norte e vim sentir os primeiros perfumes da Primavera aqui no meu Brasil... Por via das dúvidas, comprei um Azzaro no Free Shop! Sorry...
26 de set. de 2008
Nós na América (parte III): O OUTONO
Aqui, as árvores parecem iguais, ainda verdes... só com muita atenção se descobre as primeiras folhas mudando de cor; já ocorrem quedas em maior quantidade, auxiliadas por um vento que cresce nos ouvidos e nos cabelos dos que têm. Mas o Outono, oficialmente no ar, ainda não mostrou sua face real. Nem expulsou o calor, nem trouxe, como numa compensação, a beleza da plumagem colorida para enfeitar a natureza. Fosse no Brasil e diríamos que a nova estação ainda não “pegou”. Como ocorre com algumas leis!
Mas tudo é uma questão de dias. Mais ao norte, a estação já é mais perceptível. Na verdade estamos na metade sul do hemisfério norte.
Na nossa vida também é assim: muda-se de estação inexoravelmente, mesmo que tentemos nos agarrar ao passado. Ou segurá-lo em um presente efêmero.
25 de set. de 2008
O Código da VIDA
Trata seus amigos como clientes, isto é, defende-os de forma incansável, como é o caso de Sarney, numa parcialidade humana e compreensível. Aos desafetos, os rigores da lei, sem atenuantes! Partidários do governo atual (segundo o IBOPE mais de 2/3 da população), não deverão achar muita graça no compêndio! Bordoadas são distribuídas com vontade...
Valoriza sua participação na Constituinte, reclamando alguns méritos que historiadores e jornalistas mais apressados não lhe atribuem, ao menos com a ênfase que gostaria. Sarcástico e às vezes cruel, o autor vai de Brodowsky onde nasceu aos dias atuais, numa saborosa desordem cronológica que cria pequenos quebra-cabeças para o leitor, tornando a identificação da época da qual fala, a cada capítulo, um teste de identificação.
Uma leitura interessante. Claro que, como bom advogado – e talvez a demonstrar essa qualidade – faz mergulhos rápidos pela economia e não faria parte do G4 (o grupo dos 4 melhores, que se classificam para etapas posteriores em um campeonato de futebol), caso disputasse um campeonato de Economia. Mas isso é uma parte menor do livro e não tira seu mérito, em hipótese alguma. Merece ser lido.
Nóis na America, parte 2 - o COMISHATO
17 de set. de 2008
É nóis na America...
Pra quem não sabe: Tercio, o companheiro de viagens, é o filho que mora no quadradinho do DF; Emilio (meu homônimo) é outro filho, o mais velho, habitante temporário do Mississippi (com 4 esses; 4 is; 2 pês) marido da Anelise. E a Sapeca (Sassá pros mais íntimos), é uma cachorrinha linda de morrer que cuida do casal mississipento.
Recentemente o casal foi ameaçado (sem que a ameaça se cumprisse) por alguns furacões, mas os dois estão temendo, mesmo, é o Tercio e sua fome animal, sua cantoria desenfreada e loucura permanente. Mas é gente boa!
A gente começa por Miami, vulgarmente conhecida como capital da América Latina, depois voa para Jackson, Mi. (Catarina, peninha que vc num vai desta vez. Ano que vem, coast to coast...).
De vez em quando a gente volta aqui pra contar a história...
15 de set. de 2008
Aniversário de Emilio, o avô!
Bom, o aniversariante chega ao 79, em pique de academia 5 vezes por semana. Invejável.
Saúde e paz, pai (ou Vô Linus como o chamam os netos).
11 de set. de 2008
Um lugar chamado Ipauçu, o Panema e eu...
Assim vivi lá em Ipauçu toda essa etapa de formação de músculos e caráter, razão por que, quando precisei ir-me embora, cometi uma pequena canção, nesse estilo brega-sertanejo que depois virou praga.
Veja: tinha apenas 18 anos e tocava mal um violão, assim, a inspiração tinha limites de todos os tipos. Mas chegava até o Panema, jeito local de apelidar o Paranapanema, o rio que passa na cidade (divisa sul do estado de SP). Um belo rio...
Ai está a letra. Singela, pessoal e jovem (a canção quandocomposta, claro).
O meu Panema (1.971)
- I -
Quando a gente vai se embora
De tristeza a serra chora
Que não quer se separar
E se gente volta um dia
Pra fazer-lhe companhia
Ela põe-se a cantar
E na voz do meu Panema,
Ouço a vida tão serena
Que não quero mais deixar
O meu rio, o meu vale,
Minha vida, meu poema...
No mundo não há quem cale
O rolar do meu Panema!
(repete: No mundo não há quem cale
O rolar do me Panema).
- II -
Talvez um dia
Eu aceite a fantasia
Faça da vida poesia
E então volte pra ficar
Contar as mágoas
Pros gênios e pras fadas
Que vivem nas suas águas
Meu Panema meu lugar
O meu rio, o meu vale, etc...
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(Hoje essa canção me emociona um pouco mais porque o Raposa gostava dela e a cantava sempre. Agora o Raposa só canta no céu, junto com o Caju e com a Dona Miloca... Guenta ai turma!)
-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-
ESPERANÇA
Este é um recanto manso, imenso.
Água antiga de funda saudade,
Tempo vivido, campo e cidade!
Um mergulho infante e tenso
Uma vida descoberta, liberdade!
Saudade das emoções primeiras,
Baile, namoro, beijo assanhado,
Um vazio presente, um vivo passado,
O arquivo das letras ordeiras,
Pela dor do tempo gravado...
Passados colegas, mestres-guias,
Escolas intrigantes, integrantes,
Todos os povos, os imigrantes...
Saudade de viver em duas vias:
Quem se entrega, recebe antes!
Por fim, amigos n’outra dimensão
Por ora ensaiam a mais linda seresta...
Logo vamos cantar juntos, orquestra,
Sem contar tempo, sem galardão.
Há esperança mais linda que esta?
-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-
FOTO DE IPAUÇU – SP - 2008 (onde vivi dos 2 aos 18 anos)
8 de set. de 2008
SONETO DAS DATAS
Há datas que não gosto,
Gostos que eu não dato
Gestos que não acato
Postos onde me não posto.
Há vezes que não tenho vez
E viezes que me soam vãos..
Sons que me repetem nãos,
Vozes que me dão surdez.
Ruídos para o ouvido mouco,
Tanto grito e só o silêncio apraz...
Tantas datas que dizem pouco!
Em suma, eu já não sou capaz
De esconder que vivo louco
Pelo romance ao som da paz.
NO OUTONO DA VIDA
Prefiro ver e sentir o Outono ao norte do equador. Lá como cá, as folhas caem no Outono, pois conhecem o tempo e as estações e “sabem” que sua hora chegou e que devem deixar a vida para que outras folhas ocupem seu lugar. Mas, não se entristecem por isso; ao contrário, engalanam-se, explodem numa profusão de cores que só nesse tempo se vê. Cores inimagináveis ao sul do Equador.
Quando o Outono chega no norte é Primavera aqui (E a Primavera ao sul é mais bonita que a Primavera do norte). Mas, sul ou norte, as folhas caem no Outono. O vento e a chuva, elementos do tempo e do tempo ajudam nessa queda. Mas no norte, quando o espectro de cores se completa, o vento em reverência, antes de derrubá-las de vez, faz com que bailem coloridas no ar, se misturem no céu, como um festival de bandeiras em feriado nacional (licença, Orestes Barbosa, Silvio Caldas).
E a chuva as faz brilhar, mesmo no chão, antes que se conclua sua “saída de cena” e se inicie o processo de transformação em alimento para a flora.
Quando chega o Outono de nossa vida, acompanha-o a angustiante questão sobre como “sair de cena”, uma verdadeira “não opção” já decidida ao nascer. Como fazê-lo?
Com discrição, como as folhas fazem ao sul, à espera de ressurreição na primavera? Ou revestir a alma do turbilhão de alegria que as folhas do norte escolhem sempre, mesmo sabendo que não voltarão e que novas folhas surgirão nos galhos de onde saíram?
Fico pensando que essas folhas que se colorem com o anúncio de seu fim, que festejam o seu próprio fim, acreditam em vida eterna.