1 de ago. de 2010

IPÊS NO CERRADO

Foi dada a largada para o mês de agosto e, cá no planalto central, a seca, mesmo que normal nessa época do ano, está forte, mais forte que o usual, castigando as pessoas e a paisagem. Porém a vaidosa natureza, faz florir ipês nessa época, salpicando o cenário com uma beleza única.
Primeiro foram os ipês rosa (que muitos insistem em chamar de roxo... mas que são cor-de-rosa - ao menos na "classificação masculina das cores" - isso são!). Durante todo Julho enfeitaram a secura cinzenta da paisagem urbana, contra o céu azul ponteado de nuvens que não desabam. Durante o período de seca há muitas ocasiões em que somos capazes de apostar no "hoje chove", mas fica nas aparências.

Nessa passagem gregoriana de Julho pra Agosto, o tom rosa dos primeiros adereços da natureza entra em extinção e surgem, em meio à paisagem seca, ipês amarelos, talvez os mais bonitos entre tantos. E com um toque patriótico na ausência do verde que a falta de água, temporariamente, acinzentou.
Não se pode esquecer que é Inverno no Cerrado.

TEMPO

Não pergunte pelas águas que passaram nos moinhos da vida.
Águas são moléculas inamarráveis, como o tempo
Que perpassa os mesmos moinhos
Que debulham nossos anos,
Encurtam nossos caminhos
E moem nossos enganos.


Não pergunte pelos ventos que giraram pás de moinhos.
Ventos são etéreos, como o mistério da vida,
Essa essência que valorizamos,
Como os perfumes que sentimos,
E que desaparecem, como ciganos,
Nas vielas de seus destinos.
(Republicado, com foto de Samambaia - DF, em plena seca. Original de maio/09)