21 de mai. de 2010

INVENÇÕES DIABÓLICAS

Neste século XXI algumas invenções, popularizadas, tornam o mundo um lugar mais dificil de se viver. Ou sobreviver! Dou alguns exemplos:

- CÂMERA FOTOGRÁFICA DIGITAL (que dispensa filme, revelação e idas à loja para entregar o filme e buscar as fotos):
Sem os custos e a trabalheira das fotografias com os chamados "filmes fotográficos (Kodak, etc), como havia alguns anos atrás, você vai visitar um amigo e ele conta, todo feliz, que vai lhe mostrar as fotos do último cruzeiro maritimo de (míseros) três dias que o indigitado fez na costa brasileira. Ai você, já desconfiado, pergunta se tem muitas fotos: --"Mais de mil" responde o "amigo", de boca cheia, sem disfarçar a satisfação... E se você bobear, vai assistir a uma exposição de fotos absurdamente repetidas - durante 3 horas - cada uma com direito a uma explicação detalhada.
Solução: peça educamente que ele escolha 5 fotos para voce se embevecer! E olhe-as com atenção!

- LOCUTOR DE TV (do tipo que ainda não se tocou que a TV tem imagem. Aliás, a maioria!): fala sem parar, briga com a imagem, insiste que "apesar do que parece", na opinião dele (e enfatiza o "minha opinião") deveria ser o contrário. Gasta parte da transmissão em auto-elogios, que modestamente divide com sua equipe, claramente considerando-se mais importante que o evento que transmite. Não, não é só o Galvão...tem mais gente assim!
Solução: tire o som da TV e ligue uma rádio, onde o locutor também fala demais, mas não sabe que você tem a imagem do evento e, portanto, não zomba de sua capacidade cognitiva.

Tem muito mais! Dia desses a gente continua (aceitamos sugestões)...

19 de mai. de 2010

Estação Congonhas

Passei dia desses por Congonhas, o aeroporto de São Paulo, como já fiz algumas centenas de vezes. Quiçá milhares!
Tive a impressão que uma pedra me cumprimentou! E que o pilar do saguão central, aquele do lado esquerdo da escada rolante (que outrora não havia) sorriu pra mim!
Congonhas é um aeroporto que, se a gente não passa sempre, um dia não reconhece. É uma metamorfose estacionária (pra não parecer obra de Raul Seixas), onde tudo muda sempre de lugar. Não necessariamente, para melhor, mas muda. Dou exemplos: (1) o sanitário do saguão central continua no mesmo lugar mas foi reduzido à metade (e o público decuplicou); (2) não se embarca mais a pé pela pista, mas por modernas pontes ou fingers que nos conduzem direto à porta do avião. Claro, quando há espaço, já que só tem 12 fingers e não raro nos empacotam em um ônibus para entrar no avião em uma tal “posição remota”.

Mas todo mundo gosta do velho aeroporto; como os torcedores gostam do Pacaembu. Não por serem velhos, mas bonitos, charmosos e bem localizados e, principalmente, porque ambos nos trazem lembranças fortes, algumas boas, de chegadas felizes, outras amargas, de partidas sem retorno.
E o que é a vida se não uma sucessão de embarques e desembarques, com lágrimas ou risos, esperanças ou nada... Às vezes acho que esperança não tem antônimo! Se tiver, é morte!

18 de mai. de 2010

ESTAÇÃO DO TEMPO

Quando desci nesta estação, depois de tanta viagem, sabia exatamente o que o fado me poria na mochila...
E temi não conseguir carregá-la!
Desci no escuro sem ter acendido ainda as luzes da alma...

E o fiz solitário.
Por longo tempo ouvi o trem se distanciado!
Não raro pensei em correr, mesmo descalço, em busca do ultimo vagão, pisando os dormentes lascados e os trilhos frios do rumo anterior.

Acho que nunca vou saber se senti forças para ficar ou se me faltaram forças pra seguir!
Sei que fiquei.

Hoje, tatuado pelo vento constante da vida que segue, espero a carruagem que flutua na história.
Vai me levar não sei aonde, nem sei quando!
Sei que vou e faço questão de embarcar como cheguei aqui: só!





(da minha série pessoal, lembrando que "Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!" Mario Quintana)

12 de mai. de 2010

Dunga X Patriotismo


O fato de Dunga ter feito uma convocação que gera polêmica não tem qualquer novidade. Foi sempre assim, ou melhor, já foi pior! No tempo em que os bons jogadores brasileiros jogavam no Brasil, os flamenguistas viam, no seu próprio time, seis ou sete selecionáveis. Os corintianos achavam a mesma coisa em relação ao time do Corinthians, assim como os sampaulinos e os palmeirenses e os demais. E também se dividiam por estados, dando espaço ao bairrismo desvairado de paulistas, gaúchos, cearenses, cariocas e todos os outros estados da federação.
Mas não espere o zangado Dunga que “por patriotismo” (como ele afirmou)devamos achar sua seleção ideal, perfeita, incriticável, merecedora de nossas orações e sacrifícios – aliás repetindo um velho discurso do vitorioso Zagallo – só porque a eles foi dada a camisa amarela representativa do nosso País. Vamos torcer, sim, e basta! Não vou passar a considerar o argentino Messi um “perna de páu”, ou o português Cristiano Ronaldo um “grosso”, pelo simples fato de usarem outras camisas. Também não vou achar que os brasileiros Kleberson, Doni e Josué passaram a ser craques indiscutíveis porque doravante se revestem de amarelo.
O time pode ser campeão, sim, mas não será fácil. E somos torcedores, sem ter que acreditar que a seleção é a “Pátria de Chuteiras”... Esse patriotismo barato referia-se a um Brasil desconhecido no cenário internacional, sem orgulho, sem um mínimo de ordem, sem moeda, sem produto (além do café e do açúcar), uma sociedade rural envergonhada e ainda por cima falando uma língua que nem nossos vizinhos falam. O país do carnaval, das mulatas peladas, do café e, claro, campeão do mundo de futebol.
Nos últimos anos produzimos aviões e ganhamos campeonatos de automobilismo; passamos a exportar petróleo e temos (ao menos um) campeão mundial de natação; temos democracia, moeda, ordem econômica, bolsa, sendo campeões de vôlei, basquete, futsal e ginástica olímpica. Problemas? De A a Z temos todos, como os têm a maioria dos países. Claro que estou longe de esgotar o assunto, mas creio que você captou a idéia: nós não precisamos mais de um Dunga ou um time de futebol para poder gritar ao mundo que existimos e temos orgulho de nós mesmos! Caso negativo, não será um Dunga a mudar o quadro!

2 de mai. de 2010

Primeiros de Maio



Aniversariar em um primeiro de maio tem vantagens e desvantagens. Há quem considere o aniversariante um "trabalhador", afinal nasceu no "dia do trabalho". Mas há quem o defina como vagabundo por natureza, afinal, nasceu em um feriado.
Aliás, parece que ficou no passado o destaque do dia, quando - num tempo cada vez mais distante, mas ainda próximo - havia desfiles em homenagem ao trabalho e ao trabalhador, fazendo com que a data rivalizasse, em fanfarras e bandas, com o 7 de setembro e o aniversário da cidade. Eram tantas festividades - que culminavam com meu bolo de aniversário, mais tarde em casa - que levei algum tempo para assimilar a idéia que toda a parada civil-militar-estudantil não era parte dos festejos do "meu aniversário". Mas sobrevivi a essa primeira decepção!!!
Nos anos mais recentes, nas oportunidades em que as pessoas perguntam a data em que eu nasci, alguns para descobrir o ano, outros para descobrir o signo (e as fraquezas que podem desnudar com essa "informação") é comum dizer: o dia em que Senna (o Airton) morreu! Verdade. Foi num primeiro de maio que Senna encontrou na curva Tamburelo, em Ímola (Italia), em 1994, a passagem para outra dimensão, no caso dele, a dimensão dos ídolos maiores, heróis de um povo, meta de sucesso de todo brasileiro com capacidade de sonhar...
Senna era gênio nas pistas e fora delas. Gênio do volante e do marketing. Certamente não desejava morrer naquela altura do campeonato - e da vida - mas, se tivesse que acontecer, que fosse numa data imponente, marcante, inesquecível. Se não foi o próprio Airton, foi o Fado que lhe destinou o 1o de maio.
E foi assim que aumentou ainda mais a magia do Primeiro de Maio. Valeu Senna!Por tudo, inclusive isso!