28 de dez. de 2008

UM DIA ESPECIAL - UM NOVO PASTOR

O ano que ora vive seus estertores foi especial, pródigo em emoções, além dos altos e baixos do que se convencionou chamar "vida normal". Esse 2008 sempre será especial por ter sido o ano em que Emilio (EMILIO GAROFALO NETO) se tornou um Pastor, reconhecido pelos, agora, pares da Igreja, em cerimônia realizada no último 14.12.2008, na Igreja Presbiteriana de Brasília. Foi uma sucessão de emoções... A maior delas, quando pela primeira vez, ergueu seus braços do púlpito para impetrar a benção apostólica, valendo-se do texto que finaliza a Epístola de Judas:
Àquele, que é poderoso para nos preservar de toda queda e nos apresentar diante de sua glória, imaculados e cheios de alegria, ao Deus único, Salvador nosso, por Jesus Cristo, Senhor nosso, sejam dadas glória, magnificência, império e poder desde antes de todos os tempos, agora e para sempre. Amém.
Sua luta, nessa etapa de preparação ainda não terminou. De braço com Anelise (que companheira!!!) voltou ao Mississipi onde luta pelo Doutorado em Teologia e, em pouco mais de dois anos, volta ao Brasil para dar sequencia à sua missão.
Deus os abençoe...muito e sempre!
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ANGÚSTIAS DE REVEILLON

O que é essa “angústia” que a gente tanto fala e tanto sente? Será aquele copo de medo, com uma pitada de impotência, que se bebe sem parar a caminho do cadafalso?
Tem cheiro de saudade do tudo e do nada; tem sabor de tristeza pelo fato em Si, pelo fado em Fá, pela vida em Dó...
Um buquê de emoções que preferiríamos não portar, jamais. Mas que é inescapável, como a morte!
Adão angustiou-se, por medo, após pecar, segundo o relato bíblico do primeiro ser humano. E logo depois foi desterrado do Paraíso e começou a morrer, como sabia ter se tornado inevitável!
Estou seguro que nem toda angústia leva à morte, mas acredito piamente que toda morte seja precedida de angústia. Por isso é que, comumente, associamos nossos momentos angustiosos, com morte.
O próprio Cristo sentiu angústia, no Getsêmani, tão intensa, que suou sangue, na véspera de Sua crucificação profetizada e necessária (por nós, não por Ele)! Que Ele sabia ser inevitável.
Angústia produz calafrios, febre, seca a boca, faz doer a cabeça e as juntas. Mas também faz perdoar, minimizar algo que já causou engasgo em um relacionamento; que já forçou uma mudança de caminho, uma saída, um abandono... Quando angustiados, tudo muda de tamanho!
Florbela Espanca, a poetiza lusitana, chegou a fazer uma certa exaltação de sua própria angustia: “há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!”. Suicidou-se aos 36 anos, em 1930...
O fim de ano, de cada ano de vida ou do calendário, nos traz uma dose extra de angústia, por forçar a lembrança do inexorável tempo, que nos aproxima da tumba. O calendário – essa convenção humana – se tem o dom, sempre louvado, de nos sugerir uma chance de recomeçar, de refazer, de repensar, também nos traz a lembrança que a viagem continua, os passos não param. E que o verdugo já afia sua lâmina...

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18 de dez. de 2008

SAUDADES (COMPLETO)

Do que tenho eu saudade?
A tenho d’alguns momentos,
Mas não de alguma idade!
Saudades de sentimentos
Limados na realidade...

Verdades que a vida ensina
Quando sabota ilusões:
“O homem vai cuidar do clima
Vida e Paz terão legiões,
Justiça estará por cima!”

Ah! Saudades de sonhos idos
Quando cria nas pessoas
Cria em dons prometidos
Em versos que eram loas
A valores já esquecidos!

“Honra, caráter, respeito”
“Luta limpa” ; “lealdade”
Saudade de pensar desse jeito
Não de ter menor idade
Com tanta mágoa no peito.

Saudade que pede censura
Do amor que pensava existir
Como um bem que sempre dura,
Que brilha sem queimar ou polir.
Saudade com nome? Loucura!
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ESCARRADEIRA

Era menino ainda quando me contaram que, muito antigamente, as pessoas costumavam ter na sala de visitas um curioso utensílio, hoje quase desconhecido, chamado “escarradeira”. Era assim: quando uma visita desejava cuspir, ou escarrar, era ali que se recolhia o resultado da “tossida” (veja o modelo da foto, bem bonito!). E era particularmente útil, segundo dizem, por ser a tuberculose bastante comum, à época (final do século XIX, início do XX), e por isso, quando a pessoa danava a tossir e escarrar, era bom mesmo ter um recipiente adequado... Ou um guarda-chuva (eca!)

Tudo isso como um preâmbulo para, em fim, dizer que se hoje todo mundo acha normal ser proibido fumar em tudo quanto é canto, mal sabem que, até 10 ou 15 anos atrás, não existia ambiente sem um “cinzeiro” (tem gente que nunca viu um...). Fumar era totalmente liberado aqui no planeta Terra: na sua casa, no elevador, no avião, no cinema, no metrô... O visitante, quando estava na sala da gente, simplesmente acendia o cigarro, sem pedir licença, pois era o ato mais “natural” do mundo! Se muito fino, oferecia cigarros aos “da casa” que normalmente se apressavam a oferecer um café – que faz boa dupla com o cigarro – e um cinzeiro, caso não estivesse previamente à mão, como seria normal! Havia cinzeiros de prata, de cristal, ouro, bronze, formatos estranhos, uma infinidade! Cheguei a ser um colecionador de cinzeiros...
Fumar era trivial. Nas viagens de ônibus, metrô, avião, como fosse, a maioria dos passageiros era fumante... Elevadores tinham cinzeiros incrustados nas paredes (no centro da cidade de São Paulo, nos prédios mais antigos, ainda os há!). Fumava-se na sala de aula, no cinema e no teatro. O ambiente de trabalho dispunha de cinzeiros em todas as mesas. E assim por diante...
Olhe aqui: em poucos anos alguma criança vai se escandalizar ao saber que as pessoas tinham cinzeiros em casa e que se fumava em qualquer lugar do mundo, exatamente como me escandalizei ao saber das escarradeiras. Voce também, né?
Dia desses conto a história do penico, também chamado urinol.

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Sobre supersticiosos

Acho os supersticiosos, em geral, arrogantes. Acreditam que todo o universo se curva às suas manias e que, com gestos, atos e patuás comandam tudo! Permita-me perguntar: pode ser normal um cidadão achar que o Brasil ganhou a copa do mundo de futebol porque um sujeitinho, no alto da sua insignificância, aqui em Sampa ou em Quixeramobim, usou – durante os jogos – a mesma camisa usada na copa anterior, sem lavar e, ainda por cima se sentou na mesma posição na sala? Ah! E assistiu pela Globo (com o som baixo pra não ouvir o Galvão), com o rádio ligado e bebendo cachaça com groselha, exatamente como fizera na copa anterior. Pouco importa a escolha adequada dos jogadores, os treinamentos, a dedicação da equipe, nada disso! O supersticioso tem certeza que a vitória veio graças à sua mandinga aqui no solo pátrio.
Outros dizem que “toda vez que eu vou ao Guarujá, chove!”. Ou seja, Deus, de repente deixa de cuidar de todos os grandes problemas do Universo para fazer chover naquele pedacinho de praia, só pra sacanear o fim de semana do supersticioso. Como ele é importante!
Bom, tem os que só viajam de gravata amarela, porque, d’outra forma, dá azar! Entendo: se a segurança da aviação soubesse que a gravata do dito cujo garante a tranqüilidade do vôo, poderia destruir os equipamentos todos do aeroporto, bem como desligar o computador de bordo e demitir o piloto. Afinal, a gravata do cara está lá, pendurada no seu pretensioso pescoço, para garantir vôo perfeito e pouso nota 10.
Ainda tem o cantor que só canta vestido de azul porque outra cor dá azar! Deus lhe deu bela voz e o dom de cantar; ele dispõe das melhores canções, treinou com os melhores mestres e se faz acompanhar dos melhores músicos. Mas seu sucesso se deve à sua “aguçada percepção” da importância da cor da roupa...
São chatos arrogantes ou não? Implicância minha? Cê acha?
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