29 de mar. de 2009

Guns, Roses e cabelos ralos

Todo sabadão vale um passeio na Cultura do Conjunto Nacional (SP). Pra quem não conhece, é “grande”… até para os pouco modestos padrões de Sampa é um espaço graaaaaande, onde se vendem principalmente livros, discos, DVD, blue-ray, etc. Os CDs são divididos por sessões e a que chamou minha atenção, sábado último, foi a área dedicada a Heavy Metal: muita gente lá, mas pra minha surpresa (coisa de gente desligada) cheio de barrigudinhos(as), carequinhas naturais (ou cabelos vermelhos, nem tão naturais!), em suma, um pessoal com filhos já adolescentes, já vestibulandos... Gente que já foi a muita festa de 40 anos. Da sua própria turma.
--Moooor! Olha essa edição da Mettalica! Ao que ele responde:
--Você viu que tem em LP também? (de no
vo na moda o velho bolachão preto, evidentemente para colecionadores).
Enquanto um sujeito fortemente maquiado olhava com paixão e olhos marejados uma capa de Alice Cooper, sumiam os CDs de Iron Maiden e MotorHead, provavelmente por serem os últimos a visitar São Paulo. Menos
votados, mas imponentes no expositor, brilhavam ainda Led Zeppelin, Black Sabbath, AC/DC, Guns & Roses e Deep Purple, São os que me lembro, com surpresa, porque viraram história (boa história, na maioria).
Beatles? Na sessão de musica clássica... Rs.


-o-

26 de mar. de 2009

PIZZA CANDANGA

Quando o inverno chegar – se derem certo meus humaníssimos planos – serei mais um “candango”, nome pelo o qual se designa qualquer um que viva no DF sem lá ter nascido. Os nativos de lá são brasilienses. Mas não serei totalmente um “forasteiro” lá no “quadradinho” (o DF – veja o mapa) pois habitei aquelas plagas entre 1978 e 2000.
Conheço bem a área e os costumes, desde o hábito de dar preferência aos pedestres, o que me obriga a esquecer os maus modos paulistanos nesse particular, até o serviço horroroso de bares e restaurantes, entre outros. O que costuma dar uma saudade imensa de São Paulo.
Mas isso significa que, quando o inverno chegar, cada vez que voltar a São Paulo vou me sentir um forasteiro. Vou estranhar de novo o sotaque, o jeito ítalo-paulistano de pluralizar o “chopes” e o “shortes” e singularizar os “dez real”, ou os “dois pastel”. E, claro, “cinqüenta páu”. Vou estranhar, de novo, o frio de julho e o “puta” calor de dezembro (se aos portugueses “puto” não é um palavrão mas apenas a forma de se referir a um filho, em SP é sinônimo de “bem grande, imenso, intenso”).
E, no DF, vou ter que ouvir a velha história que em Brasília já se faz uma pizza tão boa quanto a de SP. Vou (de novo) fingir que acredito e, com o tempo, alegar que não gosto de pizza... É que nunca é verdade que tem pizza boa lá!
-o-


22 de mar. de 2009

Poemas leitores

Muitas vezes demoro a entender o que eu mesmo escrevi.
Hoje, enquanto lia alguma coisa (alguma que é "muita coisa") de Mário Quintana, deparei-me com essa definição:
"Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!"
Isso me ajudou a me entender...
Entendeu?

21 de mar. de 2009

OUTONO, AQUI

Ontem começou o Outono cá no sul do mundo. Já confessei que prefiro o Outono do hemisfério norte da Terra (se desejar, leia aqui) e não posso renegar isso agora. Mas por aqui também tem seu valor e o primeiro bom sinal foi chegar acompanhado de uma sensível rebaixa na temperatura que andava insuportável - ao menos em São Paulo - nas últimas semanas.
A verdade é que todas as estações deveriam ser bem recebidas por nós, especialmente as estações da vida. Gosto de pensar que estou no meu Outono o que me dá liberdade com as cores, uma oportunidade de renovação, de recomeço, de refazer... sem que se possa (ou queira, ou precise) voltar atrás na linha do tempo.

(a foto é de Taylors, SC, EUA - em frente à casa da Ise, Emilio e Sassapeca - em 2007)

19 de mar. de 2009

Cartão de Torcedor - acredite, se quiser

Alguém, nem sei quem, está propondo (acredite, se quiser) o cadastramento de torcedores de futebol, bem como a criação de um "cartão de identidade" como condição para entrar em um estádio partir de 2010. E dada a seriedade de nossas autoridades, devemos supor que estudos avançadíssimos levaram à conclusão que a emissão de uma carteirinha é condição suficiente (e necessária) para evitar a ocorrência de atos de vandalismo, violência, indecência, intolerância, etc.
Apoiado, apoiado com louvor. É isso mesmo que o Brasil precisa! Desde que, é claro, não se limite a isso. Não é só o futebol que carece dessa milagrosa opção... Deveríamos também criar carteirinhas específicas para que as pessoas possam participar de atividades coletivas como:
- Participar de bailes funks (e similares);
- Comparecer aos cultos da Igreja Universal;
- Assistir às missas do Padre Marcelo;
- Participar de carreatas políticas e religiosas
- Curtir dias de sol (ou chuva) numa praia;
- Participar de shows musicais no Ibirapuera;
- Integrar-se a velórios e enterros de celebridades;
- Entradas em restaurantes, cinemas, bares, boates e cabarés
Imagine que maravilha: para cada atividade uma carteirinha específica. E todo o país estaria livre da violência, da bagunça, da corrupção...

-- Alô, é da TAM, quero uma passagem pra Fortaleza
-- Pois não, mas, para adiantar, o senhor já tem “carteira de passageiro de avião”?
-- Claro, assim como “carteira de acesso ao aeroporto” e de “ingresso em Fortaleza”. E adianto que no poupa-tempo consegui todas as carteiras em apenas seis meses...
-- Muito bem, mas o senhor tem carteira de praia?
- -Sim...
-- Pra tomar cerveja? Cartão de comer caranguejo? Tomar sol na cabeça?
-- Sim, todas, todas...
-- OK! Mas se o senhor quer apenas “uma” passagem é porque não vai acompanhado. Pretende arranjar namorada em Fortaleza? Já tem “Cartão de Candidato a Namorado"?
...
Ajude: pense em mais algumas circunstâncias que poderiam gerar exigência de cartões específicos e vamos juntar sugestões às autoridades do Brasil. Pode escrever, não precisa um cartão especial para isso (por enquanto!).
-

18 de mar. de 2009

ELE VOLTOU...

Depois de mais de seis anos em casa, sem nunca ter tido um único resfriado, o velho MAC precisou ir pra oficina dar uma ajustada. Voltou com cinco vezes mais memória, extremamente veloz e livre de algumas idiossincrasias e TOCs que eram característicos.

Andei sentindo falta do velho companheiro, sempre alerta nas minhas madrugadas insones, sempre pronto a acolher meus pensamentos e registros, publicáveis ou não. Já suportou livros inteiros, cartas pra muita gente, e-mails infinitos... Exibe agora a garra do Leopard e as novidades do Office 2008 que a Microsoft faz especialmente para os modelos MacIntosh - Apple. To feliz, gosto dele e tenho essa maluca sensação que ele gosta demim...

17 de mar. de 2009

Parto


Cruzo em passos moucos esse vale estranho,

Sem cena visível, audível ou sonhável,

Vale sem dores, penumbras, odores, catacumbas!

Sem Vida!

Esse o vale sem morte,

Vale sem sorte,

Meu vale!

Minha fenda escarlate cravada no centro

Fundida no calor do malho do ferreiro

Nas patas ligeiras do alazão do tempo,

Cujo nomeé MEDO,

Medo de voar!

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7 de mar. de 2009

Paulistanês parte 2 - Tercio aprende a língua

Tercio veio passar uma temporada em São Paulo em 2004. “Temporada” que se transformou em “ano sabático” e, finalmente, em “dois anos sabáticos", no embalo das greves da UnB – Universidade de Brasília, que ele aproveitou para estudar música e, também, desenho na Escola Panamericana (Confesso que adorei a companhia).
Nascido e criado em Brasília, suas maiores dificuldades iniciais foram aprender a se mover no trânsito e na esquisita geografia paulistana e, surpresa, entender certas peculiaridades da língua local (o Paulistanês).
Certa ocasião, alguns dias depois de chegar, disse que havia aprendido uma coisa interessante: sempre que se diz “obrigado” a um paulistano ele responde “obrigado eu” ou “obrigado você” que, em Paulistanês significam exatamente a mesma coisa (e que seriam facilmente substituídas por um “por nada”, ou “de nada”). Mas tudo bem, até que ele resolveu adotar o “obrigado você” para responder a agradecimentos. Ai ele foi surpreendido com outra peculiaridade da língua local. Veja o diálogo:
-- Obrigado!
-- Obrigado eu!
-- Obrigado eu, você!
Ai ele se entregou: havia perdido a parada do agradecimento... E ri disso até hoje!


-o-

4 de mar. de 2009

Paulistanês, uma língua própria

Cansa um pouco ouvir certas histórias de paulistanos, principalmente contadas por cariocas (“um chopes e dois pastel” é a mais antiga e - reconheçamos - verdadeira!), como é o caso do “testemunho” que quase todos eles (cariocas) gostam de dar sobre o suposto fato que qualquer paulistano, quando lhe pedem orientação de trânsito, ensina errado. Vamos esclarecer essa história de uma forma simples: pra falar com paulistano tem que conhecer a língua local.
Suponha que você queira saber como ir do “Bexiga” (onde você foi almoçar numa cantina que turista acredita ser italiana), para o cemitério da Consolação (apreciar obras de arte em cemitério - como a da foto - programa de turista, que paulistano detesta). A resposta vai ser do tipo:
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"ó meu, toca em frente até a brigadero, como se fosse no rumo do paraíso ou do arioporto, mas faz o revorteio às esquerda depois do farol da brigadeiro. E volta nesse rumo mesmo. Daí cê pega as direita no segundo farol e as esquerda no outro farol e vai no rumo do minhocão. Mas num pega ele (o minhocão) sai as direita já se preparando pra entrar às esquerda do lado da igreja da Consolação. Se você errar ali, vai parar no centrão da cidade... Daí ce sobe a Consolação mas num esquece de evitar a faixa do ônibus; num tem mais o busão no contrafluxo, mas o pardalzinho vai te multar. Lá em cima você vê o cemitério e tem uma área de parar o carro."
TRADUZINDO:
- “siga em frente, rumo Aeroporto ou (bairro) Paraíso, até o cruzamento da avenida Brigadeiro Luis Antonio. Ali faça o retorno após o semáforo e continue por esta mesma via, até o segundo semáforo. Lá entre à direita e no semáforo seguinte tome a esquerda até a via elevada, na qual você não deve entrar, permanecendo na pista da direita até o semáforo seguinte, já na esquina da Avenida da Consolação (você poderá ver a Igreja da Consolação à sua esquerda). Entre à esquerda na avenida e evite a pista exclusiva de ônibus porque radares multam quem usar essa faixa. Logo adiante você avistará o cemitério e a área de estacionamento ao lado”. Viu como é simples?

DETALHE: Na área de estacionamento do cemitério da Consolação está escrito “exclusivo para usuários deste cemitério” BRRRRRRRRRR
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NOTA: ACEITEI - DE BOM GRADO - A SUGESTÃO DA PROFESSORA MARIA LAÇALETE E TROQUEI PAULISTÊS POR PAULISTANÊS. ESSA É A FORMA CORRETA.
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1 de mar. de 2009

AS VERDES FOLHAS DE VERÃO

Agora é de verdade. Meu retorno a Brasilia está próximo, depois de quase 10 anos em São Paulo. Lembrei-me da canção que postei ai embaixo, porque além de reconhecer que há um tempo de voltar, a canção fala das verdes folhas de verão e a Capital Federal está entre as cidades mais verdes do Brasil (pelo menos na estação das chuvas). Na foto acima, o parque da cidade!
A tradução pode não ser um primor de literatura mas dá uma boa idéia do contexto.
(Há algumas versões no Youtube. Sugiro aquela cantada pelos Brothers Four, encontrável em
http://www.youtube.com/watch?v=mNGtxVyeOFY )

GREEN LEAVES OF SUMMER
(Paul Francis Webster / Dimitri Tiomkin)

A time to be reapin’, a time to be sowin’.
The green leaves of Summer are callin’ me home.‘'
T'was so good to be young then, in a season of plenty,
When the catfish were jumpin’ as high as the sky.
A time just for plantin’, a time just for ploughin’.
A time to be courtin’ a girl of your own.
‘T’was so good to be young then, to be close to the earth,
And to stand by your wife at the moment of birth.

A time to be reapin’, a time to be sowin’.
The green leaves of Summer are callin’ me home.
T’was so good to be young then, with the sweet smell of apples,
And the owl in the pine tree a-winkin’ his eye.
A time just for plantin’, a time just for ploughin’.
A time just for livin’, a place for to die.
‘T’was so good to be young then, to be close to the earth,
Now the green leaves of Summer are callin’ me home.

UMA TRADUÇÃO LIVRE:
FOLHAS VERDES DE VERÃO

Um tempo pra recolher, um tempo pra semear.
As folhas verdes de verão me chamam de volta pra casa.
Era tão bom ser jovem, então, um tempo de abundância,
Quando o CATFISHes saltavam alto como o céu.
Um tempo só para plantar, um tempo só para arar.
Um tempo para cortejar uma garota só sua.
Era tão bom ser jovem então, estar perto da terra,
E estar ao lado de sua esposa enquanto ela dá à luz.

Um tempo de recolher, um tempo de semear.
As folhas verdes de verão me chamam de volta pra casa.
Era tão bom ser jovem então, com o doce cheiro das maçãs,
E a coruja no pinheiro piscando seus olhos.
Um tempo só para plantar, um tempo só para arar,
Um tempo só para viver, um lugar para morrer.
Era tão bom ser jovem então, estar perto da terra,
Agora as folhas verdes de verão me chamam de volta pra casa.
Era tão bom ser jovem então, estar perto da terra,
Agora as folhas verdes de verão me chamam de volta pra casa.

(Essa canção foi tema do filme “The Alamo” - 1960)

Fonte: http://detudo.alef3.com/index.php/categoria/filmes