25 de out. de 2008

1970 - IPAUSSU (SP)

Imagine Ipaussu (SP) em 1970, sem internet, sem video-game - aliás, sem computador - um único e chato canal de TV (Excelsior já falecida). Durante o dia, além da escola, futebol, pescaria... À noite, o tempo sobrava... Namorar não era usual de 2a. a 6a.feira. Os bailinhos, uma ou duas vezes por mês, aos sábados ("os embalos de sábado a noite"). O velho Cine Riviera passava filmes B, renovados diariamente, mas, de qualquer forma, mal ocupavam duas horas de nosso tempo. Tínhamos que ser criativos. E criávamos: jornal, teatro, fanfarra, seresta...
Ai do lado um guardado do Toninho Campos (nosso "Rótula"), hoje em Penápolis (SP), sobre um grupo de teatro criado em 1970 pelo inesquecível louco e genial Hélio Brizola, à época apoiado pela Folha de Ipaussu, como atestam as assinaturas do Celso Egreja (Bina) e desse blogueiro menor, então "redator" da Folha. O convite foi mimeografado e depois individualizado ao destinatário por meio de uma máquina de escrever. Olha, quem souber, explique, por favor, a quem não sabe, o que é (ou era) um mimeógrafo (Boa sorte!Rs.).
Uma recordação gostosa, sem a pieguice da saudade inconsolável, mas com uma ternura antiga. E boa!

22 de out. de 2008

Gisele Bundchen e o EURO

Hoje, quando o euro (€) caiu para US$ 1,32, lembrei-me da Gisele Bundchen. Explico, mas, antes é preciso lembrar que, internacionalmente, a cotação do € (o euro) é “ao contrário”, isto é, mede-se quantos dólares vale um único €. (Para a maioria das moedas é o inverso, ou seja, fixa-se um dólar, ou US$ 1, e mede-se quantos reais, pesos, francos suíços, etc., vale esse único dólar. Assim, US$ 1 vale R$ 2,35; ou P$ 3,40; ou 96 ienes e assim por diante). Claro que se pode medir quantos reais vale €1; ou quantos pesos vale €1, mas “internacionalmente”é assim: €1 por “tantos dólares” (*).
Pois bem, o dólar vinha caindo frente ao euro e outras moedas. Em determinado momento, €1 valia US$ 1,20, depois 1,25, em seguida 1,30. Quando passou de US$ 1,40 (por €1), Gisele Bundchen anunciou ao mundo inteiro que seus contratos dali em diante seriam em euros. Na verdade, até acertou por um tempo, porque, no auge, meses atrás, €1 conseguia comprar US$ 1,65. Ou, um milhão de euros compravam US$ 1.650.000,00).
Mas hoje, 23.10.08, um euro compra “apenas”1,32, ou seja € 1 milhão valem “apenas” US$ 1.320.000,00... Pior é lembrar que tempos atrás €1 valia apenas 80 centavos de dólar, quer dizer, dá pra piorar.

Sabe? Fiquei pensando em fazer um acordo com La Bundchen, se ela topar: eu não tiro mais fotografias, ela não trata mais de câmbio.


(*) só para lembrar, a libra esterlina, o dólar australiano e algumas outras poucas moedas, menos importantes, são cotadas dessa forma invertida”, ou “tipo B”.
NOTA: EM 23.10.08 UM EURO COMPRAVA APENAS US$ 1,25

7 de out. de 2008

Ano 2.035 – 10 MIL DIAS - PARTE 3 (MEET JOE BLACK) - O FIM

Essa história começou quando me dei conta que, neste ano da graça de 2008, ultrapassei a marca de 20 mil dias desde que nasci e também me sobreveio a sensação de ter vivido pelo menos 2/3 da vida, sobrando – com muita sorte – o terceiro e ultimo terço (“e as contas que ficarem do meu terço sem rezar, são versos de um poema que eu nem pude terminar”) (*) . Essas contas, sem nenhuma mágoa, levaram-me a uma viagem rapidinha pelo tempo desse mundo que muda a uma velocidade alucinante, mas que se auto-detrói de forma ainda mais rápida, pondo a si próprio em grande risco.

Para sobreviver, há que se descobrir "algo abençoado", um “trem bento”, como diriam alguns mineiros, um TereBentium (o T+, significando Tê CRUZ, ou Tê BENTO) formulação possível pelo grau de deterioração da língua pós informática. Mas é só uma forma prosaica de dizer que Deus terá que operar milagres ainda maiores para manter a humanidade aqui no Planeta, eis que, se individualmente nos caracteriza - a nós seres humanos - o instinto de sobrevivência, na ação coletiva somos um bando de "lemings eternamente flertando com o o suicídio, nas tundras norueguesas." (repeti aqui, porque o Tercio adorou a expressão).

Concluo que me preocupa mais o destino do mundo, ora habitado por meus filhos, ainda no primeiro terço da vida, do que pelo meu destino próprio.

Ontem revi “Encontro Marcado” (Meet Joe Black), ao som de What a Wonderfull World e emocionei-me de novo quando o personagem William Parrish de Anthony Hopkins diz à Morte-Joe Black (Brad Pitt) que estava pronto para “ir” e seus olhos significam/traduzem exatamente isso... E essa cena segue-se a uma outra, na qual, em seu leito de morte no hospital, uma mulher negra, também no "terceiro terço", doente terminal, implora à Morte/Joe Black que a leve, porque ela, além da dor física, “já tinha todas as boas lembranças que precisava para a viagem final”. Como se fora esse o objetivo de nossa passagem pela vida.

Não, não tenho ainda todas as lembranças, nem conheci todos os prodígios, lugares e pessoas que quero conhecer e vivenciar. Mas sei perfeitamente o quão necessário é andar depressa, antes que acabe a água e o vento. E que o T+ seja rapidamente encontrado para que o tempo da Terra seja adequado aos filhos e aos filhos dos filhos.

Na minha cena final (oxalá demore muito), uma das canções que gostaria fossem entoadas seria exatamente a simbiose mágica que o hawaiano Olé Israel fez de What a wonderful
World e de Somewhere over the Raimbow, na batida sonora e cheia de charme do seu Ukelele. Que, aliás, hoje ele toca em outra dimensão, como se essa simbiose tivesse completado sua obra. Muito cedo...

Ah! Se emplacar mais 10 mil dias, chego aos 83. Se prepare que vou estar up to date com o mundo até o dia de encontrar Joe Black. Sem medo...

(*) Trecho da Banda da Ilusão de Ronnie Von


E CASO NÃO CONHEÇA:
1- LEMINGS, veja: http://br.youtube.com/watch?v=VWuiGWkd7mM&feature=related )
2 -Kamakawiwo Ole' Israel - Somewhere Over The Rainbow- What a Wonderful World: veja (e ouça) em
http://br.youtube.com/watch?v=oPBA2v13JUY



6 de out. de 2008

TOM, VINICIUS e CATARINA

"QUE SEJA INFINITO ENQUANTO DURE"

Para mim o caminho mais curto entre minha casa e um teatro é uma visita da Catarina. Não foi diferente no último fim de semana em que, com ela aqui, no sábado, fomos assistir à peça “Tom e Vinicius, o Musical”, de Daniel Herz. Um emocionante “reencontro”com os dois amigos, compositores e bossa-novistas, características que marcaram a vida dos dois e destaque neste ano em que comemoramos 50 anos de bossa-nova. Vividos com competência e emoção por Marcelo Serrado e Thelmo Fernandes, realizam um encontro atemporal onde "recordam" momentos passados e futuros de cada um – e dos dois em dupla – revivendo encontros com grandes personagens de então, de Dolores Duran a Frank Sinatra, passando por Elizeth Cardoso, entre muitos outros. Recupera-se parte da história desde o Orfeu do Carnaval até seus últimos trabalhos juntos. Excelente seleção musical (aliás, fácil fazer com o repertório desses dois) e grande elenco de apoio. Vale a pena ser visto e curtido por quem tiver a oportunidade, mesmo que seja apenas para reviver Vinicius declamando seu "Soneto da Fidelidade", a bordo de um copo, ancorado em um bar de Paris.

4 de out. de 2008

Dolar ficando caro. Por que?

Tem um artigo na Folha de São Paulo de hoje (04.10.08), da repórter Denise Godoy, que avalia porque o real , ultimamente, é a moeda que mais se desvaloriza no mundo. Ela coletou uma série de opiniões sobre o assunto, inclusive a minha que está transcrita assim:
“Na opinião do consultor Emilio Garofalo Filho, ex-diretor do Banco Central, a principal explicação para o "transtorno bipolar" que afeta o mercado está na inexperiência dos jovens operadores, que nunca passaram por uma crise e agem como "maria-vai-com-as-outras". "Pouco tempo atrás, falava-se de uma valorização exagerada e agora vemos essa queda. O comportamento ziguezague é típico de quem não analisa fundamentos", afirma.
A solução, prossegue ele, é que o Banco Central volte a agir como "xerife" do mercado, "não contrariando a tendência, porém contendo esse ímpeto emocional de cada dia". Uma das formas de fazer isso é comprar e vender moeda, e outra, especialmente indicada em situações como a atual, é repassar, aos bancos que atuam nesse segmento, linhas de crédito para o exportador.
"A taxa de câmbio mais alta compensa uma eventual diminuição das exportações; entretanto, isso só é verdade se há liquidez. De pouco adianta vender e não conseguir a antecipação dos recursos. O governo tem que agir para garantir a disponibilidade de recursos", afirma Garofalo.” (A transcrição integral está no outro blog: www.cambiosdobrasil.com.br)

A principal constatação é que eu continuo bocudo e sem paciência com o bando de janotinhas que sabia tudo, dava aula pra Deus, em Inglês e em Economês, enquanto o mar estava calmo. Na primeira onda mais forte, todo mundo corre pro colinho da mamãe, quer dizer, corre comprar dólares. Como se o Brasil tivesse piorado 30% entre o começo de agosto (dólar a R$ 1,60) até hoje (dólar acima de R$ 2,00). O tempo vai me dando paciência para a maioria das coisas, menos para suportar arrogância. Ih!!!! Isso soa arrogante??

3 de out. de 2008

200 gramas de mortadela


foto Campo de Futebol
Na padaria procurei ser gentil com o balconista:
-- "DUZENTOS gramas de mortadela, por favor!"
O olhar dele passou da surpresa à ironia quando perguntou:
-- "O senhor quer DUZENTAS gramas de mortadela???" (assim, enfatizando a feminilidade que ele atribuía à unidade de peso). Fiquei embaraçado. Dúvida: explico a ele que a grama, assim no feminino é aquela verde, que nasce na terra, um vegetal muito usado em campos de futebol e degustado, inclusive, por certos tipos de muares? Não, deixa pra lá. Seria muita arrogância, ali, naquela hora.
-- "Isso, isso, respondi. Corte bens finas por favor... as fatias!"
Voltei uma semana depois, já esquecido do pequeno percalço, mas ali estava de novo o sagaz balconista, aquele zeloso da língua à sua moda! Bem, eu já havia concordado com a inadequação de tentar explicar a masculinidade do grama, unidade de peso, ali na padaria. Tudo bem, mas adotar a forma errada – mesmo que popularmente aceita – também não me fazia a cabeça. Afinal, nos 10 anos que trabalhamos com ouro no Banco Central, cansamos de corrigir as pessoas que citavam: “as gramas de ouro”. O mínimo que alguém da equipe dizia era: “o grama é macho” (normalmente seguido de um palavrão).
Olhei pro atendente. Ele olhou pra mim e sou capaz de jurar que ficou esperando que eu “errasse” de novo. Havia um rastro de sorriso no seu rosto esperando meu pedido, quando enfim me decidi:
-- “Duzentos e CINQUENTA gramas de mortadela, por favor”. Ele nem esboçou qualquer reação que não fosse pegar a peça de mortadela e colocar na máquina de fatiar.
Agora só compro assim: 150 g, 250 g, meio quilo. Sem estressar a mim e ao atendente.