7 de out. de 2008

Ano 2.035 – 10 MIL DIAS - PARTE 3 (MEET JOE BLACK) - O FIM

Essa história começou quando me dei conta que, neste ano da graça de 2008, ultrapassei a marca de 20 mil dias desde que nasci e também me sobreveio a sensação de ter vivido pelo menos 2/3 da vida, sobrando – com muita sorte – o terceiro e ultimo terço (“e as contas que ficarem do meu terço sem rezar, são versos de um poema que eu nem pude terminar”) (*) . Essas contas, sem nenhuma mágoa, levaram-me a uma viagem rapidinha pelo tempo desse mundo que muda a uma velocidade alucinante, mas que se auto-detrói de forma ainda mais rápida, pondo a si próprio em grande risco.

Para sobreviver, há que se descobrir "algo abençoado", um “trem bento”, como diriam alguns mineiros, um TereBentium (o T+, significando Tê CRUZ, ou Tê BENTO) formulação possível pelo grau de deterioração da língua pós informática. Mas é só uma forma prosaica de dizer que Deus terá que operar milagres ainda maiores para manter a humanidade aqui no Planeta, eis que, se individualmente nos caracteriza - a nós seres humanos - o instinto de sobrevivência, na ação coletiva somos um bando de "lemings eternamente flertando com o o suicídio, nas tundras norueguesas." (repeti aqui, porque o Tercio adorou a expressão).

Concluo que me preocupa mais o destino do mundo, ora habitado por meus filhos, ainda no primeiro terço da vida, do que pelo meu destino próprio.

Ontem revi “Encontro Marcado” (Meet Joe Black), ao som de What a Wonderfull World e emocionei-me de novo quando o personagem William Parrish de Anthony Hopkins diz à Morte-Joe Black (Brad Pitt) que estava pronto para “ir” e seus olhos significam/traduzem exatamente isso... E essa cena segue-se a uma outra, na qual, em seu leito de morte no hospital, uma mulher negra, também no "terceiro terço", doente terminal, implora à Morte/Joe Black que a leve, porque ela, além da dor física, “já tinha todas as boas lembranças que precisava para a viagem final”. Como se fora esse o objetivo de nossa passagem pela vida.

Não, não tenho ainda todas as lembranças, nem conheci todos os prodígios, lugares e pessoas que quero conhecer e vivenciar. Mas sei perfeitamente o quão necessário é andar depressa, antes que acabe a água e o vento. E que o T+ seja rapidamente encontrado para que o tempo da Terra seja adequado aos filhos e aos filhos dos filhos.

Na minha cena final (oxalá demore muito), uma das canções que gostaria fossem entoadas seria exatamente a simbiose mágica que o hawaiano Olé Israel fez de What a wonderful
World e de Somewhere over the Raimbow, na batida sonora e cheia de charme do seu Ukelele. Que, aliás, hoje ele toca em outra dimensão, como se essa simbiose tivesse completado sua obra. Muito cedo...

Ah! Se emplacar mais 10 mil dias, chego aos 83. Se prepare que vou estar up to date com o mundo até o dia de encontrar Joe Black. Sem medo...

(*) Trecho da Banda da Ilusão de Ronnie Von


E CASO NÃO CONHEÇA:
1- LEMINGS, veja: http://br.youtube.com/watch?v=VWuiGWkd7mM&feature=related )
2 -Kamakawiwo Ole' Israel - Somewhere Over The Rainbow- What a Wonderful World: veja (e ouça) em
http://br.youtube.com/watch?v=oPBA2v13JUY



3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei das reflexões.
Compartilho das suas preocupações com esse velho mundo. Tenho nele meus meninos, na metade do primeiro terço.
Vejo que é função das pessoas que estão entrando no terceiro terço (estou evitando a expressão último)terem esses temores; temos parâmetros para tal. Lembro de meu avô assim, meu pai, minha mãe tb é. Recordo as expressões ditas inúmeras vezes de modo eloqüente:"Aonde vamos parar", "Esse mundo tá cada vez pior", "É o fim do mundo!!", que me ouço repetindo agora. Mas o mundo não acaba não. É da nossa natureza achar um jeitinho, e ainda por pior que seja, acabarmos nos adaptando. Essa é a força da vida! Os desvios dessa meta são patológicos, pois até um barata qdo percebe, com aquelas suas antenas nojentinhas, que via ser pisoteada, corre desesperadamente da situação de risco.
Coincidentemente (será o acaso?), revi por esses dias o filme que citou e me tocou a belíssima cena da senhora terminal, que em poucas palavras deixou claro que estava pronta para ir, convencendo até o Black a levá-la antes do que pretendia. Como vc, tb não tenho ainda todas as lembranças que gostaria de levar e tenho ganas de colecioaná-las. Sou programada pra viver.
Aguardo mais.

beijossssss.

Anônimo disse...

E

Obrigada por apresentar-me os lemings.

Quanto ao Kamakawiwo Ole' Israel - Somewhere Over The Rainbow- What a Wonderful World, estou impactada pela beleza do som e imagens.

Mais que isso, em poder ouvir enquanto você e eu estamos vivos.

Não é ainda,quero crer, um bom momento para encontrar Mr. Black, na figura de anjo ou mesmo ainda na do Brad Pitt.

Bom gosto e bom humor na dicotomia morte vida, só mesmo você.

Beijão

O pinguim do cerrado disse...

Aiii paaai
pra que me fazer chorar em pleno domingo de manha???
ahahahaha...

Quanto ao "Somewhere over the rainbow"...
Pode deixar que eu não vou esquecer!
Sabe Deus em que condiçoes...mas eu toco pra voce!
;)
beijao
teco