30 de abr. de 2009

VOLVER

Foi uma "viagem solo" esse retorno ao Distrito Federal; mas não significa que vim solitário: a bordo do carro, “eu, o velho Mac e Deus”, parafraseando a belíssima canção sertaneja “eu, a viola e Deus”. E assim acabo confessando que minha viola é meu computador, o Mac. E o Meu Deus é o mesmo dos violeiros e dos “Mac-eiros”.

Deixei São Paulo ouvindo Zizi Possi, no CD "Puro Prazer", que inclui “Volver a los Diecisiete”, de Violeta Parra, claro que sem pretensão de voltar aos 17, mas apenas voltar a Brasília, voltar a trabalhar no Banco Central.

Como diz a canção: “é como decifrar sinais, sem ser sábio competente”. E quase que por ironia, no mesmo CD ela canta também “Torna a Surriento”

(... / Para a terra do amor,

Tem coragem de não voltar?

Mas não me deixe,

não me dê este tormento

Volte a Sorrento!

Deixe-me viver!)

E isso tudo depois de começar o repertório com a Disparada de Vandré: “Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar...”.

Em quase onze horas numa estrada sobra tempo para uma “viagem ao centro do peito”, para meditações infinitas e, em boa parte do tempo, para se queixar das estradas ou do pedágio. Na verdade, a primeira etapa, numa viagem de São Paulo a Brasília, de carro, compreende toda a Bandeirantes (a rodovia) e a Anhanguera até a divisa com Minas Gerais, em Uberaba. Paga-se pedágios até cansar o braço e o bolso. São 7 ou 8 em pouco mais de 400 km. A gente reclama por pagar, mas só até o momento em que enfrenta o trecho de Uberlândia (MG) a Cristalina (GO), passando por Araguari e Catalão, entre outras (o trecho Uberaba-Uberlandia está totalmente duplicado, em boa condições e sem pedágio. Por enquanto!). Após Uberlândia, deixando o Triângulo e seguindo por Goiás, tem tanto buraco que a gente se disporia a pagar o dobro em pedágio desde que pudesse trafegar com um mínimo de segurança e conforto. É um trecho torturante para o carro e para os passageiros.


Mas, ainda assim, vale curtir essa oportunidade de "falar consigo mesmo" que uma "viagem solo"oferece; bater um papo com o espelho retrovisor sem tirar os olhos do que está à frente; repensar os medos e os desafios que os causam, aproveitando o momento para aplainar algumas arestas guardadas no fundo da alma e reconhecer alguns inevitáveis "ataques" que nos dispensarão. Vida que segue (e recomeça) com infinitos pedágios e muito mais buracos que as rodovias federais. Além desses "ataques" que podem vir, com as pedras geradas no fígado e no estômago de quem não gosta de "engolir" a gente...

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(Volver a los diecisiete / Después de vivir un siglo / Es como descifrar signos / Sin ser sabio competente / Volver a ser de repente / Tan frágil como un segundo / Volver a sentir profundo /Como un niño frente a Dios / Eso es lo que siento yo / En este instante fecundo /Se ve enredando, enredando / Como en el muro la hiedra/ Y va brotando, brotando / Como el musguito en la piedra...)


23 de abr. de 2009

Aviação - Parte 3 - detalhes tão pequenos

Continuando nossa "série" resmunguenta, falamos da TAM que tem suas (digamos) características próprias. Modernizou-se: hoje se faz o check-in no computador de casa, pela internet. Se não dispomos de impressora, basta ir a um dos totens da TAM no aeroporto, inserir seu CPF e em segundos terá seu cartão de embarque à mão. Tudo muito bom, a não ser que você precise despachar uma mala: ai todo o esforço pré embarque é jogado no lixo, sem dó e o passageiro terá que enfrentar a mesma fila que aqueles que não fizeram check-in de casa, nem imprimiram cartão no totem. Deve-se sempre programar, pelo menos, 50 minutos para o mísero despacho de malas, porque, principalmente em Brasília, recusam-se a deixar um posto apenas para despachar a mala de quem já fez check-in. Perguntei a alguém tido como gerente da TAM (em Brasília) o porquê disso: respondeu-me que uma espera de 40 a 50 minutos (apenas para despachar as malas, já que todo o trabalho de check-in, marcação de assentos, você já fez de casa) é “normal” e que, por isso, não se justifica (opinião dele) abrir um dos 10 postos fechados, apenas para despacho de malas. E sistematicamente, pouco antes da hora de cada embarque, ficam os tresloucados empregados da TAM gritando pelos passageiros do tal voo, idiotamente colocados na imensa fila.
Herdaram um pouco da tola (e fatal) arrogância da Varig, sem, no entanto, herdar a classe da velha empresa. Claro que o passageiro preferiria usar esses 50 minutos para tomar um café, comprar uma revista, ir ao banheiro... Mas a TAM decidiu de forma distinta!


AZUL, WEB JET, Oceanair e outras nanicas que estão tentando um lugar ao sol nessa área, prestem atenção nesses detalhes.
Quando crescerem, façam de forma diferente dessas ai!
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Aviação - parte 2 - detalhes tão pequenos...

Os balanços ruins das empresas aéreas GOL e TAM deveriam, no mínimo, motivá-las a tentar cativar-nos (povo brasileiro); a não nos fazer esperar horas sem explicação; a não transformar "lugares marcados" em uma luta por assentos. "Neste voo, os assentos serão de livre escolha dos passageiros": o som dessa frase, cada dia mais comum, dá largada a uma corrida caótica por um lugar, negando-se o assento devido a quem o reservou com prudência e antecedência de vários dias.
O site da GOL é outro problema, pois exige certa pericia para um simples check-in. Não tem impressora no aeroportos (como os totens da TAM) e caso vc não tenha o comprovante seu check-in (boarding pass) impresso antecipadamente, vai ter que enfrentar "aquela" fila e pedir segunda via. De um documento que nunca teve primeira via (impressa).
Em um vôo da GOL o passageiro fica com a impressão que em algum momento será chamado para varrer a aeronave. Normalmente já é chamado aos gritos para dentro da aeronave, não raro depois de mudar várias vezes de portão.Não há jornais e o sanduiche de bordo (que substitui as folclóricas barrinhas de cereais) é frio e contém uma cruel argamassa de pão com um receio
h normalmente irreconhecível.
A favor? Reconheçamos: o espaço dos passageiros nos Boeings da GOL são maiores
que os escolhidos pela TAM para configurar seus AIRBUS (poquitim maiores) . Mas não tem, como a TAM, leitura de bordo (fora a revista publicitaria da empresa), nem tela para projeção de filmes e informações e nem mesmo programa musical o passageiro. É sempre um voo tosco! Monótono! Chato... Um busão que voa!
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21 de abr. de 2009

GAROFALO











Paulo Cezar Caldas volta da Itália e manda essas duas fotos sacadas, respectivamente, no Vaticano e em Piacenza. Parece que só o lado mais pobre migrou para o Brasil...rs.(clique na foto para ampliar)

Na aviação, detalhes tão pequenos...(I)

Como a reviver pesadelos, recordo imagens de funcionários da VARIG, VASP e TRANSBRASIL, em prantos, caminhando de braços dados pelos aeroportos a anunciar o fim de suas empresas, sua prostração, frustração e preocupação com seu próprio futuro e o de cada família. Haviam falido as empresas e pousado suas esperanças, amargamente recolhidas aos hangares do tempo...
Onde imperavam aqueles três gigantes quebrados, hoje predominam apenas duas, TAM e GOL, empresas que encerraram o ano fiscal passado com graves prejuízos. Mesmo ao final do ano passado em que viajei bastante, como é usual, vi aeroportos e aviões vazios, a despeito de promoções inéditas... Ouseja, nem a redução de espaço interno (para "socar" mais passageiros na aeronave), foram suficientes para que apresentassem lucros. Há explicações técnicas relativas a variação de câmbio e preço de petróleo, porém (cá entre nós), causam espanto que ainda justifiquem balanços ruins, já que nada disso é novidade. Uma empresa aérea precisa saber lidar com aviões, logística, custos e hedge (proteção contra variações bruscas nos preços). E com passageiros, claro!
De verdade, gostaria que essas empresas andassem bem. Ou "voassem bem"... Em todos os sentidos. Sou viajor militante, passageiro recorrente e dependo delas para uma vida eficiente e agradável
, pessoal e profissional, e por isso essa torcida, o que não me impede (e até estimula) algumas críticas a como tratam os passageiros no Brasil.
Para não termos um post muito longo, continuamos em outro.
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18 de abr. de 2009

QUE PUNTA

Chega-se a Punta del Leste em duas horas de vôo de São Paulo (alta estação). A opção, quando não há voos diretos, é voar até Montevideo (também duas horas) e seguir de carro ou ônibus por volta de uma hora. São menos de 100 quilometros de uma estrada simples, porém bem cuidada e a paisagem bastante interessante, com tráfego baixíssimo para os padrões brasileiros. Ainda que os locais se apavorem quando vêm cinco carros próximos, no que consideram um tráfego intenso.
Nunca tivera o desejo de conhecer aquelas paragens por conta de informações que temos mil praias mais bonitas no Brasil e o blá-blá-blá de sempre. Assim, conheci Punta em viagem a trabalho, numa convenção. Bem, tive algumas surpresas iniciais:
- tráfego tranquilo, estacionamento facílimo;
- não há flanelinhas nas esquinas, nem gente querendo "tomar conta"do seu carro;
- não existem pedintes, mendigos;
- não se vê barracos, favelas, invasões (apelidos das favelas em lugares como Brasília);
- farofeiros? Não, exceto alguns restaurantes que montam elegantes tendas na praia e passam o dia a servir, quem desejar, de champagne a frutos do mar.
Passadas as primeiras impressões, e ainda assombrado pela simpatia e profissionalismo dos residentes, começam as novas e surpreendentes descobertas: na área de "mansões" onde ricos de todo mundo têm lindas residências, não existem muros. Nada impede um visitante de, caminhando sem obstaculos, chegar à piscina de alguém, ou participar do churrasco do vizinho. Impossível não pensar nos Jardins em Sampa, ou nas "mansões do lago", em Brasilia (como de resto no Brasil inteiro) em que cada casa mais parece um "forte Apache", um "bunker"com muros de 3 metros (eletrificado no alto), guarita com guarda permanente, sistema de TV e vídeo, guardas particulares nas ruas e o resto você sabe.
O susto maior é quando o convecem que não há criminalidade relevante por ali. Assim é que meninos de 14 ou 15 anos vão para as baladas e voltam com dia claro, caminhando pelas ruas, pegando caronas... e não há noticias assustadoras de assaltos, violências, etc.
Certamente, a natureza deu ao Brasil praias mais belas; mas a parte que coube ao homem, foi feita com mais competência ali, a duas horas de Sampa, mais perto que a Bahia...
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17 de abr. de 2009

MAIS PAULISTANÊS (IV)

- "Pau" (ou pow): o dinheiro, sem plural, sem milhar ou milhão (se ligue no contexto):
--- Um café: 2 pau (R$ 2,00)
--- Um salário: 2 pau (R$ 2 mil)

--- Um assalto: 2 pau (R$ 2 milhões);

- "MonGANguá": Mongaguá, cidade do litoral paulista
- "AS direita": indicação para se entrar à direita
- "ShortS": Short (roupa curta)

- "Farol": semáforo
- "Camarão à Baiana": camarão com molho de tomate (voce já viu na Bahia?)
- "Virado a Paulista": bem, nada mais "mineiro" que a mistura de bisteca de porco, tutu de feijão, ovo frito, arroz, linguiça e couve
- "Feijoada Carioca": a mesma feijoada que se come no Brasil todo, mas apelidada "carioca" porque - na prática - é a única forma que o paulista come feijão preto.
- "Churrasquinho"(em bares e lanchonetes): sanduiche de pão com bife
- "Mutzarela": pronuncia ítalo-paulistana da muzzarela

- "Santos": "Vou a Santos" na prática, está dizendo que vai a algum lugar no litoral paulista. Quase nunca a cidade de Santos;
- "baiano": pessoa oriunda de qualquer lugar ao norte de Minas Gerais; o equivalente ao carioquíssimo "paraíba";
- "brigadeiro": a Avenida BRIGADEIRO Luis Antonio
- "faria lima": a Avenida BRIGADEIRO Faria Lima (a da foto, onde fica o Shopping Iguatemi). Sutileza, né?
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CAMPO DA ESPERANÇA

Brasília, DF, tem algumas características especiais. O cemitério é uma delas. Cemitério? Isso mesmo, lá onde se mora até o infinito! A Necrópole...
Veja que normalmente cemitérios são "da Saudade", "do Redentor", "do Ghetsêmani"(remissão ao local onde se iniciou o sacrifício de Cristo), mas o de Brasília se chama CAMPO DA ESPERANÇA. Democrático, ecumênico e - como se percebe pelo nome - promissor, o campo da esperança brasiliense reserva um terreno igual para cada um, coberto de grama e um identificador padrão, como se vê na foto colorida por visitadores, num desses dias em que se homenageiam os finados.

A cidade nasceu da esperança.
Traqu
inagens à parte, que não ocorrem porque "a capital é Brasília", mas porque "a capital é em Brasília", como já foi no Rio e em Salvador. Pra onde for a capital, a traquinagem vai tentar ir junto... junto com o poder e a chave do cofre.
A cidade vive da esperança dos filhos dos pioneiros que lá chegaram de todos os cantos do País. E mesmo na morte, o Campo da Esperança é referência a uma pós-vida melhor, para os que vão tê-la.

PONTES

A Ponte do Rio KWAI"ainda é um belo filme e mereceu, de verdade, 7 prêmios Oscar da Academia de Hollywood, inclusive "melhor filme" e melhor diretor. O tema musical é inesquecível "assoviado". "Baixe"(vulgo download) e ouça :(http://audiko.net/ringtone/Temas+De+Filmes/A+Ponte+Do+Rio+Kwai?ring=10469 ).

Produzido em 1957, conta a história da 2a.Guerra Mundial, na qual um aristocrático coronel inglês (vivido por Alec Guiness) e sua tropa são aprisionados por japoneses e forçados a construir uma ponte (sobre o Rio Kwai, na Tailândia) para ajudar a passagem de tropas nipônicas. Orgulhoso, até arrogante, o coronel decide fazer a tal ponte muito bem feita, de forma a humilhar os japs e deixar clara a "superioridade britânica".

Rico em detalhes técnicos e humanos, além de interessante análise de relacionamentos/ conflitos humanos em tempos difíceis, tem no seu momento crucial um embate interno (que não conto o final, em beneficio de quem ainda não viu o filme), um conflito de consciência vivido pelo coronel dividido entre preservar a ponte tão arduamente construida ou destruí-la para não beneficiar o inimigo. Muito bom...

Lembrei-me do filme por conta do tema "PONTES" que - me dou conta ao rever as imagens que tenho alternado no meu blog - são uma "fixação" que eu tenho e, até onde me lembro, a raça humana também tem. Muitas cidades, muitas histórias, muitas lendas são associadas a pontes. Simbolicamente se traduzem por elos entre paises, povos, cidades, nações, famílias, corações... Devemos conhecer a ponte do Brooklin em New York, a Hercilio Luz em Floripa, A Tower em Londres, a estaiada Otávio Frias em Sampa, a Rio-Niterói (em ambas as cidades), a medieval Ponte Vecchio (Florença), a romana Trajan sobre o Danúbio (restam apenas fragmentos), a Golden Gate (San Francisco), Severn (perto de Bristol, UK), a Vasco da Gama (liga Lisboa a Montijo, sobre o Tejo) e - claro - a JK em Brasilia.

O ser humano gosta de pontes. Não só porque abreviam caminhos e embelezam paisagens, mas também porque, além de permitirem chegar a outro espaço, a outro promontório, têm o dom de ligar um tempo a outro (se bem tecida a trama).

10 de abr. de 2009

O Mundo Gira e a Lusitana "se muove"

O homem da Graneiro, depois o da Lusitana (“o mundo gira e a lusitana roda”), o da Confiança, um a um, representantes de empresas de mudanças chegam para fazer seus orçamentos, o que significa – acima de tudo – que a hora de partir está próxima. E não se trata apenas de mudar de apartamento, mas de vizinhança, de padaria, de porteiro, de caminho de volta pra casa: no meu caso atual devo mudar de cidade, de estado, de trabalho, de colegas e de amigos (que não se troca nem se muda, mas vai alterar o convívio!). Só permanece a internet com seus blogs e orkuts que – milagre do século XXI – nos mantém próximos e on line mesmo que geograficamente distantes.
Toda mudança exige um recomeço e recomeçar exige uma predisposição especial que, normalmente, diminui com o tempo. Enfrentar esse efeito do tempo tem esse dom de botar pra correr alguns neurônios acomodados em cadeiras de balanço.
Deixando as filosofias de lado, mudar dá uma “senhora” mão de obra. Tem que desligar a NET, a Telefônica, a luz, o gás (em São Paulo é encanado), o contrato de aluguel, a TIM, a VIVO e aqueles que a gente só se lembra depois... Cada um exige uma ligação para uma central telefônica (“disque 1 se quer isso, disque 2 se quer aquilo...”) e enfrentar – quando se consegue – uma extrema má vontade das pobres e “gerúndicas” atendentes de call Center que “vão estar verificando” e depois “vão estar enrolando”e assim vai. No destino, “vamos estar contratando” tudo de novo.
Evidentemente tem aquela história de remontar guarda-roupas e armários, mas tem a oportunidade de rasgar papel inútil, nos livrarmos de guardados inexplicáveis (papeizinhos e caixinhas guardadas faz anos que nunca serviram nem jamais servirão para nada), trocar de cachorro (epa, cão eu não tenho e se a Cathy ou Anelise lerem isso me matam) e o resto da história não preciso contar.
Vivemos tempos de Páscoa, que os Cristãos sabem ser o tempo do renascimento. Na tradição judaica, a Páscoa (ou Pessach) é a passagem do anjo da morte sobre o Egito, poupando os filhos doss escravos hebreus e dizimando os primogênitos egípcios, ato que se tornou um degrau fundamental à libertação daquele povo para que iniciasse a caminhada, longa caminhada, para refazer uma nação que, tantos mil anos depois, carece de reconstrução a cada dia.
Minha mudança é microscópica perto da Páscoa. Mas tem o "espírito do recomeço". Mudar, recomeçar, renascer, passar... Muitos verbos que traduzem a realidade da vida que é a exigência do movimento e do crescimento contínuos, para a frente a para o alto, mesmo quando os anos doem nas costas, nas juntas e tentam nos manter imóveis e abraçados ao status quo. "E pur se muove" ("e apesar dessas antas, continua se movendo" - numa tradução "muito" livre), como teria dito Galileu à saída do tribunal de inquisição onde fora obrigado - para salvar sua pele - a negar que a terra se move..
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7 de abr. de 2009

KISS (DE VOLTA A SÃO PAULO)

Pelos comentários, o show do KISS em São Paulo foi redundante: mesmas canções, mesma pirotecnia, as mesmas línguas de fora, o mesmo sucesso e as mesmas caras-pintadas que há 35 anos encantam os fãs. Espaço lotado, super-lotado, indicando que devem ter agregado muitos fãs ao longo dos últimos anos. Mas sessentões e cinquentões, ao lado de filhos e netos, estavam lá curtindo um gosto especial de juventude.

No post de ontem dizia o seguinte (com uma pitada de maldade):


“ Pelo menos uma área vai estar hiper-lotada no show do Kiss em São Paulo nesta noite de 07.04.09: o estacionamento para idosos (Certamente já deu overbooking...).
Mas, falando sério, a demanda por ingressos parece que foi animadora. A banda, que no último domingo já havia tocado para 54 mil pessoas em Buenos Aires, toca hoje para um público estimado em 30 mil, no Anhembi (São Paulo).
O Kiss está comemorando 35 anos de criação, mas da formação original restam o baixista Gene Simmons, de 59 anos, e o guitarrista Paul Stanley, de 57 anos. Nesta turnê, Eric Singer (baterista) e Tommy Thayer (guitarrista) substituem Ace Frehley e Peter Criss, dois integrantes do núcleo original que estiveram no Brasil em 1999 e estão fora do grupo.
Tomara estejam em boa forma para afagar os esperançosos corações da galera de meia-idade que ainda curte aquele heavy metal, não sendo apenas mais um artista (ou grupo) em fim de carreira pescando uns últimos dólares aqui no Brasil. Alguns, arrastando-se nos palcos, expondo uma voz gasta pelo tempo, corpo alquebrado pelo uso, emoções falsas.”

PAULISTANÊS - parte 3- o arioporto

Hoje, 07 de abril, a caminho de uma reunião em São Paulo, com trânsito ruim (e tempo também, o que não é novidade), ouvia rádio no carro quando fui surpreendido pela bela voz de uma reporter contando sobre a situação do ARIOporto de Congonhas. Isso mesmo: ARI-oporto! Lembrei-me que para a maioria dos paulistanos falar AEROporto é uma tortura maior que falar "problema"... Independe de grau social, nível cultural, o que seja: porto de avião é "arioporto", assim como a cidade de Itanhaém vira ITANHANHEM na "boca do povo"(o de SP, claro). Mas, cá entre nós, nove entre 10 se enrolam mesmo é para falar METEOROLOGIA ou "condições metEOROlógicas"... Ai é um "Deus nos acuda!" Imagine agora a reporter, paulistana, falando sobre "as condições meteorológicas do aeroporto de Congonhas: "condições metEREO-lógicas do ARI-oporto..." -

CAMINHANDO

(PRA NÃO DIZER EU NÃO FALEI...)

Mesmo quem não se liga em futebol sabe – ao menos, por ouvir dizer – que o Santos da “era Pelé“ teve um dos melhores times de futebol em todo o mundo e em toda a história do futebol. Não só pelo Rei Pelé, mas pelo restante do time, que se não chegavam ao nível do rei, não faziam vergonha (Na foto, além de Pelé, Pepe e Coutinho).
Porém, quem era o técnico desse grande Santos? Muito pouca gente se lembra de Lula (outro! Não “o cara” do Obama), já falecido, que certamente era quem menos aparecia, apesar de ser o técnico do “grande Santos do rei Pelé”.
Mas o mundo foi mudando, mudando e a partir de um tal Vanderlei Luxemburgo foi inventada a figura do “técnico mais importante que o time”. Dai por diante, você se lembra que ”quem ganhou a copa” foi o Felipão, que o São Paulo tem Muricy, Parreira é quem vai “salvar” o Fluminense, o Mano é o recuperador do Corintians...
Porém, ocorreu outro evento pós-moderno: com Galvão Bueno inventou-se o “locutor esportivo mais importante que os jogadores e que o técnico”. E, claro, mais importante que os carros de Formula Um e os pilotos... Quem sabe, mais importante que a Rede Globo! Quando o evento é em São Paulo ou envolve times daqui, abaixa-se o som da TV e liga-se um rádio... Mas quando é preciso ouvi-lo...
Dia desses, conversando com Emilio Neto, nos recordamos do período em que Galvão ajudou, voluntária ou involuntariamente, a difundir a lenda que a Ferrari vivia em função de “sabotar o Rubinho” e chegou a insinuar um boicote à Fiat/Ferrari. Gente, como é chatinho esse Galvão! Como fala, como dá opinião, como repete seus pontos de vista! E a gente sabe que quem fala demais acaba dando bom dia pra cachorro.
Sabe, dá a impressão que ele ganha por palavra pronunciada ou por som emitido. Será isso?

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GUERRA E PAZ

Vivemos em um mundo cheio de conflitos, principalmente mentais, como todos nós sabemos desde sempre! E muitas vezes eles fazem da vida neste planeta um espetáculo de circo-mambembe-amplificado que nem o mais genial palhaço criaria, na sua eterna tentativa de fazer rir por meio de ampliar o absurdo.

No último sábado tivemos um exemplo, não o maior, mas uma amostra desses desatinos da raça humana. Um grupo de “militantes pacifistas”, participantes de uma manifestação contra a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, ateou fogo em um hotel perto da Ponte da Europa, em Estrasburgo. Veja bem: manifestantes, pacifistas, atearam fogo em diversos estabelecimentos comerciais da cidade... Um posto da polícia também foi incendiado. Ah! Também saquearam uma igreja. Tudo pela Paz.

Na peça “O Homem de La Mancha”, os compositores Joe Darion e Mitch Leigh criaram o “Sonho Impossível” (cuja versão para o Português é de Chico Buarque) e um dos versos que chegam à mente, ouvindo- em sonhos - a voz bela e grave de Bethânia é este:

“É minha lei, é minha questão / Virar esse mundo / Cravar esse chão / Não me importa saber / Se é terrível demais / Quantas guerras terei que vencer / Por um pouco de paz”.

Quixotescos ou circenses, em episódios assim nos damos conta que nossos desorientados meninos são guerreiros em busca de uma causa, mas capazes de transformar em batalha até mesmo um ato pela Paz. Talvez fossemos menos imbecis quando nos restava escolher um dos lados na “guerra fria”, entre o “ocidente capitalista” e o “oriente comunista”, situação que gerou essa mesma OTAN. Talvez!


”E amanhã, se esse chão que eu beijei / For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar / E morrer de paixão
E assim, seja lá como for / Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor / Brotar do impossível chão.”

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3 de abr. de 2009

Barnabé fica quieto...

A proximidade de reassumir funções conquistadas por meio de concursos públicos (e muito trabalho) no governo, mesmo depois de 9 anos fora, nos obriga a recuperar algumas regras legais e, em igual nível, certos padrões éticos requeridos por esses cargos e funções (por menos importantes que sejam as funções ou quem as executa, como este bípede blogueiro), sobre o que não há como tergisversar. Evidentemente devem sair de minha pauta certas críticas ao setor público, ao setor privado e mesmo ao chamado "terceiro setor" (ONGs, por exemplo), em qualquer instância que não seja no âmbito interno e, mesmo assim, respeitadas as hierarquias. Por isso, desde o inicio do mês deixei de expressar minhas opiniões sobre Economia no site "www.cambiosdobrasil.com.br" e, da mesma forma, neste blog, esse tipo de assunto será evitado. E isso não é antidemocrático eis que, com o crachá de um organismo público a opinião de cada um pode facilmente ser confundida com "opinião oficial", o que não é bom, certo? Claramente trata-se de um dos ônus do ofício.