25 de mai. de 2009

SHOW EM SI-MONAL

“Moça um dia surgiu, na dança da vida e apareceu sem par
Grita, branca na trança e saia da cor do mar!
Fez um passo e girou, na roda tomou lugar
E eu de tolo chorei por ter já na dança um par...”

Essa canção, entoada por um romântico Wilson Simonal, dava a uma composição singela como essa (de Antonio Gaspar) a dose certa de emoção própria do "fim de tarde" da – talvez – última geração romântica. Sem ser menor, contrastava com o seu famoso e prodigioso swing que agitava auditórios imensos os quais regia ao som de País Tropical (Mó, num pá tropí...), Sá Marina, Meu Limão Meu Limoeiro. Um jeito pessoal, um chansonnière , interprete dono do palco e do público como poucos no mundo. Sammy Davis Jr, em alguns momentos, e Maurice Chevalier, entre pouquíssimos outros, podem ser considerados do mesmo gênero.
Nunca o assisti ao vivo (e lamento isso). Só na TV, inclusive o show em Si-Monal
No artigo “Ninguém sabe o duro que dei”, Reinaldo Azevedo lembra de um inesquecível dueto de Simonal com Sarah Vaughan – então a maior do mundo - ou sua habilidade em reger um coro de 30 mil vozes no Maracanãzinho, como algumas pistas do seu talento.
De repente uma denúncia e um infinito boato: Simonal seria um dedo-duro, um apoiador da ditadura que governava o País, alguém que era capaz de mandar torturar a própria esposa, por causa de...mil versões. Nunca confirmadas, mas Simona foi pré-julgado, pré-condenado e pré-executado! O jornal O Pasquim, tablóide carioca que desafiava a ditadura e fazia graça, arrasou Wilson Simonal que ficou proscrito da mídia, dos shows e – o que é pior – do respeito das pessoas. Eu entre elas...
Pois entra agora em grande circuito o filme ‘NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI’, dirigido por Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, que relata sua ascensão e sua estrondosa queda. Ainda não vi e confesso que temo vê-lo, por intuir que vou perder o respeito por um monte de gente que durante anos admirei – por conta dos quais abdiquei inclusive do som de Simonal – apesar de o filme não fazer julgamentos e limitar-se a ouvir as partes. E, claro, vou ficar pê da vida comigo mesmo.
Quer saber? Vou sim! Depois eu conto.

Mas a moça seguiu na dança e nem viu que suspirei de dor
E me fiz cantador, por modo de não chorar
Ah! se o Dono do tempo houvesse por bem voltar

Um comentário:

Tânia disse...

Era fã do swing do Simonal...lembra: Descendo a rua da ladeira, só quem viu, que pode contar, cheirando a flor de laranjeira....". Um injustiça o quê aconteceu com ele! Quem sabe hj, o filho (Simoninha), consiga resgatar, em parte, o que foi perdido? Também vou assistir!