26 de mai. de 2009

POMBAS E SONHOS

Era menino quando aprendi, e até decorei, pela insistência de Mestres escolares (por isso, Mestres, com "EME grandão"), esses versos, declamados em festas escolares, datas comemorativas, momentos de alegria e emoção. Porém, confesso que o guardei na memória como um "poema às pombas", sem valorizar a ênfase à liberdade e aos sonhos nossos de cada dia que está nas linhas e entrelinhas.
Hoje, tempos e quilômetros depois, releio "as pombas" e me dou conta que o poeta foi muito além e que sua percepção que os sonhos voam de nossos corações (como as pombas dos pombais), porém não retornam (como as pombas aos pombais), mostra uma alma vivida e madura, capaz de ter aprendido que os sonhos são refeitos a cada momento, sempre que mudam as pessoas, as circunstâncias.
Raimundo Correia, poeta maranhense (dado à luz a bordo de um navio ancorado na costa do Maranhão), nasceu curiosamente em um 13 de maio, 28 anos antes de essa data marcar o dia da libertação dos escravos. Esse seu louvor à liberdade dos sonhos e das pombas,
visto de forma mística, ou poética – o mais provável – parece coisa do fado. Nasceu no mar e escolheu voar... Como se Deus tivesse marcado o DNA do poeta com a louvação ao livre vôo. Das pombas e dos sonhos! Dos coisas materiais e das impalpáveis.
Alguns sonhos não podem ser revividos; outros, nem mereciam ter sido sonhados, mas não faz sentido parar de sonhar ou ter medo de deixar cada sonho voar, como voa cada pomba despertada.

Nenhum comentário: