29 de jun. de 2009

Real: que tal 500 mil?

Dia desses ao sacar em um desses caixas eletrônicos, fui "brindado" com uma nota de CEM REAIS, que acabou se transformando em um estorvo no bolso, já que não serve para as pequenas despesas de cada dia... Ninguém gosta de dar troco para nota tão alta. No máximo serve para encher o tanque no posto de gasolina.
Pois imagine agora como seria uma nota de 500.000. Isso mesmo, QUINHENTOS MIL! Nâo existe? Bem, não sei se existe, mas "apenas" quinze anos atrás tínhamos - aqui no Brasil - notas de 500.000 em uso diario e, o que é pior, mal pagavam um almoço. Veja a dita cuja:O "homenageado", Mario de Andrade, devia irritar-se no Além (ou será que ria?) a cada dia da vida dessa cédula(*) que a inflação corroia sem piedade, sem nenhum caráter, como um Macunaima Financeiro. Dou-lhe uma idéia: em 31.07.1993, último dia da vigência do Cruzeiro, a taxa de câmbio do dólar já se aproximava de Cr$ 80 mil. Isso mesmo que você entendeu, ou seja, um dólar custava próximo de 80 mil cruzeiros, portanto, a nota de 500 mil valia pouco mais que cinco dólares, ou, pouco mais que 10 reais à taxa de hoje. Um espanto, não é? Viu como mal pagava um rango?

Neste 01.07 chegamos a 15 anos do real, acumulando 266% de inflação (Jornal do Brasil, de hoje, 29.06.09) em 15 anos, o que agora pode parecer muito para quem não viveu o período inflaciónário. Mas houve tempo em que 266% poderia ser conseguido em pouquíssimos meses, não em 15 anos. O livro comentado no post anterior (3 mil dias no bunker) conta o "tamanho da luta" que foi requerida para impor esse novo padrão monetário, acompanhado de novo padrão de comportamento - principalmente do setor público - para que não reincidíssimos no processo de elevação constante de preços. Mais que isso, o Plano Real veio na sequencia de diversos planos equivocados, principalmente a partir de 1986, cujo único mérito era o de tentar controlar a inflação. E o real foi bem sucedido, não só pela competência de quem o elaborou - e dos que o mantiveram "vivo" desde então - como pelo apoio de um povo que estava cansado de ser milionário e não conseguir comprar nada com seus milhões. De cruzeiros, claro...

(*) O cruzeiro, nessa fase, viveu até 31.07.93, quando surgiu o "cruzeiro real" que representava o cruzeiro anterior dividido por mil. Com esse "cruzeiro real", as cédulas de 500.000 foram carimbadas com o valor 500 e sairam de circulação, já na vigência do REAL, em 15.09.1994)
-o-

Nenhum comentário: