Pois imagine agora como seria uma nota de 500.000. Isso mesmo, QUINHENTOS MIL! Nâo existe? Bem, não sei se existe, mas "apenas" quinze anos atrás tínhamos - aqui no Brasil - notas de 500.000 em uso diario e, o que é pior, mal pagavam um almoço. Veja a dita cuja:O "homenageado", Mario de Andrade, devia irritar-se no Além (ou será que ria?) a cada dia da vida dessa cédula(*) que a inflação corroia sem piedade, sem nenhum caráter, como um Macunaima Financeiro. Dou-lhe uma idéia: em 31.07.1993, último dia da vigência do Cruzeiro, a taxa de câmbio do dólar já se aproximava de Cr$ 80 mil. Isso mesmo que você entendeu, ou seja, um dólar custava próximo de 80 mil cruzeiros, portanto, a nota de 500 mil valia pouco mais que cinco dólares, ou, pouco mais que 10 reais à taxa de hoje. Um espanto, não é? Viu como mal pagava um rango?
Neste 01.07 chegamos a 15 anos do real, acumulando 266% de inflação (Jornal do Brasil, de hoje, 29.06.09) em 15 anos, o que agora pode parecer muito para quem não viveu o período inflaciónário. Mas houve tempo em que 266% poderia ser conseguido em pouquíssimos meses, não em 15 anos. O livro comentado no post anterior (3 mil dias no bunker) conta o "tamanho da luta" que foi requerida para impor esse novo padrão monetário, acompanhado de novo padrão de comportamento - principalmente do setor público - para que não reincidíssimos no processo de elevação constante de preços. Mais que isso, o Plano Real veio na sequencia de diversos planos equivocados, principalmente a partir de 1986, cujo único mérito era o de tentar controlar a inflação. E o real foi bem sucedido, não só pela competência de quem o elaborou - e dos que o mantiveram "vivo" desde então - como pelo apoio de um povo que estava cansado de ser milionário e não conseguir comprar nada com seus milhões. De cruzeiros, claro...
(*) O cruzeiro, nessa fase, viveu até 31.07.93, quando surgiu o "cruzeiro real" que representava o cruzeiro anterior dividido por mil. Com esse "cruzeiro real", as cédulas de 500.000 foram carimbadas com o valor 500 e sairam de circulação, já na vigência do REAL, em 15.09.1994)
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