17 de jan. de 2009

O MILAGRE DO POUSO

Dia 15.janeiro.2009 será sempre um dia inesquecível para Chesley B Sullemberger III – o Sully – e para, pelo menos, mais 154 passageiros do Airbus A320, um avião que ele pousou com perícia e graça no leito do Rio Hudson em Nova Iorque.(veja o gráfico abaixo a direita. Para ampliar clique sobre ele.) Nenhuma vitima! Todos deixaram o avião e foram recolhidos por barcos que trafegam diariamente ali, pertinho do coração novaiorquino. E, com justiça, Sully é o herói do momento. De um momento carente de heróis. Tem 57 anos e mais de 19.000 horas de voo, Especialista em segurança de vôo, é piloto há mais de 40 anos e iniciou a sua carreira na Força Aérea norte-americana.
Ao mesmo tempo, o mundo vive uma das maiores crises econômicas da História e ela teve seu “anuncio formal” em 15 de setembro passado (quebra do Banco Lehman), exatos 4 meses antes do que agora é chamado “milagre do Rio Hudson”. Em comum? Quase nada, além de terem ocorrido, ambos os eventos, em Nova Iorque, com a fina ironia que um dos fatos – a crise – nasceu da imperícia de pilotos de bancos e "agencias reguladoras" e o outro – o milagre – só foi possível porque a pilotagem foi primorosa.
Muito já foi dito sobre instituições financeiras e “agencias reguladoras” estarem sendo pilotadas por gente muito bem preparada nas escolas e ultra-especializada no uso de tecnologia de ultima geração, porém inexperiente. Como Sully demonstrou, se um avião é atingido por uma revoada de pássaros, de surpresa, afetando mortalmente seu funcionamento, não dá tempo de consultar nem um manual, nem o Google. Sully só teve alguns segundos não só para tomar as decisões certas, como conduzir pessoalmente os procedimentos necessários. Muito diferente dos “pilotos financeiros”, enaltecidos e “bonificados” (em dinheiro) enquanto persistia um cenário calmo, um verdadeiro “céu de brigadeiro” na economia mundial, porém, na primeira crise séria caíram de bico no chão (ou no colo de governos em todo o mundo).

Ainda ontem, dia 16, assistimos pasmos ao anuncio de mais socorro financeiro, em valores astronômicos, ao Citibank e ao Bank of América, para salvá-los de afundar nos rios gelados no universo. Isso, depois de socorrer Merril Lynch, Bear Sterns, Wachovia, Fanny Mãe, Freddy Mac e e muitos outros “menos votados”. A maioria dos pilotos dessas instituições havia recebido louvores (e bônus financeiros, claro) pela decolagem, pela lotação, pela "qualidade" do vôo enquanto o mundo estava sem crises mas, quando suas “naves” tiveram que enfrentar um contratempo e afundaram, a maioria já tinha saltado fora.
Sully é diferente: sua “louvação” veio depois, porque soube pousar a nave, nas condições mais adversas. Seu maior bônus é ser chamado, para sempre, de herói. Competente e experiente.

2 comentários:

Emilio - Entre dois mundos disse...

Foi impressionante. hoje saíram imagens do momento do pouso. De tantas coisas que poderiam dar errado, nenhuma deu. E o pessoal do avião saiu de maneira ordeira, sem pânico (ou pelo menos muito pânico). O vôo ia para charlotte, aeroporto que usei muitas vezes.

EMILIO GAROFALO FILHO disse...

É verdade! Eu mesmo voei pra Charlotte (encontrar vcs e conhecer Sapeca) e saindo exatamente do laGuardia em NY... hmmmmm
Sem contar que o Airbus A320 é o nosso avião mais usado aqui na TAM (exatamente o mesmo do acidente em Congonhas). O melhor é que aqui não tem revoada de gansos...