10 de ago. de 2009

ESTAÇÃO DO IPÊ

Antigamente se dizia que no Distrito Federal o ano tinha só três estações: da Seca, da Chuva e do Trem. Quem conhece a Brasília de hoje sabe que, nesse pedaço do Brasil, restaram só duas estações: a da Seca e a da Chuva. A do Trem, a cobiça e a burrice desativaram. Estações do metrô andam a passo de cágado (cuidado com o acento) e, de mais a mais, servem para fazer piada, mas não aportam poesia a um texto de "um" que lamenta a falta das estações que mais gosta: Outono e Primavera.
Mas esse começo de estação da seca tem um "que" de Outono, porque caem as folhas da maioria das árvores, secam os gramados e mudam as cores. Mudam de verde para cinza e marrom, exceto por um pequeno milagre que vem da mais profunda e mística essência de Brasília: as flores amarelas dos ipês que trazem um "que" de Primavera. Enfeitam as paisagens da cidade, em contraste com o intenso azul do céu, como o capricho de uma mãe bordadeira que enfeita a barra do vestido de debutante da filha única.

Ao invés de estação da Seca, acho que podemos promover esse tempo, em Brasília, a Estação do Ipê Amarelo
com céu azul. Azul de anil.

Um comentário:

Trapa disse...

Ipê Amarelo

As flores amarelas
do Ipê amarelo
banham o raiar do dia
e sorriem...
Sorriem desafiando
nuvens cinzas de amarguras
sorriem dissipando chuvas de agruras
sorriem trazendo os sóis de venturas
Assim me recebem
as flores amarelas
do Ipê amarelo...
Vigia da minh'alma
Não há como não amá-las:
as flores amarelas do Ipê amarelo!