19 de jul. de 2011

Rico é gênio; Gênio é rico

Em qualquer época da História sempre há alguém "do seu tempo" a reclamar dos "valores do seu tempo". Sempre há um poeta, um louco, um palhaço ou um juiz a reclamar dos contemporâneos com indagações do tipo "para onde caminha a humanidade?".

Ora, os heróis do início de século XXI são fáceis de identificar: são os que ganharam muito dinheiro. Não importa se "edificaram" ou não, se são inteligentes ou cultos, ou não! "Demonstram seu inequívoco valor" ao enriquecer, mesmo que, em certos casos, por meios fraudulentos. Ou suspeitos...

Aliás, nem interessa: "se enriqueceram é porque são espertos" (como sinônimo de inteligentes) e, portanto, merecem a riqueza.
Houve eras em que as contas bancárias não explicavam o sucesso. Heróis podiam não ser ricos. Jesus, De Gaulle, Confúcio, Colombo, Churchil, Ghandi, Pelé, Che, Alá, Stradivarius... Pessoas cujo valor não estava na sua capacidade de juntar dinheiro, para dizer o mínimo.

No século XXI, os destaques estão com aqueles que entram na lista Forbes de ricos: Warren Buffet, Carlos Slim, Bernard Arnalt, Mittal, Li Ka Shing, Ambani, Bill Gates... Não os conhece? Pois é, são os considerados gênios deste tempo em que vivemos. Porque são ricos, o que não é (de modo algum) uma acusação, mas não se conhece - ou não se divulga - qualquer mérito nessa gente que não seja sua capacidade de "ganhar dinheiro". E ponto final (ou ponto com).

- Um pintor só é um bom pintor se ficou rico. Van Gogh não passaria nesse teste "padrão século XXI".
- Um músico só seria bom músico se tivesse mansões em Beverly Hills, jatinhos e jatões, namoradas famosas e cobrasse fortunas por seus shows. Pixinguinha não seria gênio, nesse padrão.
- Um jogador de futebol só seria reconhecido depois do primeiro bilhão. Pelé, jogador, não seria gênio no padrão de hoje, ganhando o que ganhava no Santos.

O mais triste é que, com esse tipo de "valores", temos uma tendência a perdoar (e até invejar) os "deslizes", as pequenas e grandes negociatas, no fundo acreditando que os meios justificam o fim, pelo menos para ficar rico. Ficar rico é coisa de gênio!?

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