12 de mai. de 2010

Dunga X Patriotismo


O fato de Dunga ter feito uma convocação que gera polêmica não tem qualquer novidade. Foi sempre assim, ou melhor, já foi pior! No tempo em que os bons jogadores brasileiros jogavam no Brasil, os flamenguistas viam, no seu próprio time, seis ou sete selecionáveis. Os corintianos achavam a mesma coisa em relação ao time do Corinthians, assim como os sampaulinos e os palmeirenses e os demais. E também se dividiam por estados, dando espaço ao bairrismo desvairado de paulistas, gaúchos, cearenses, cariocas e todos os outros estados da federação.
Mas não espere o zangado Dunga que “por patriotismo” (como ele afirmou)devamos achar sua seleção ideal, perfeita, incriticável, merecedora de nossas orações e sacrifícios – aliás repetindo um velho discurso do vitorioso Zagallo – só porque a eles foi dada a camisa amarela representativa do nosso País. Vamos torcer, sim, e basta! Não vou passar a considerar o argentino Messi um “perna de páu”, ou o português Cristiano Ronaldo um “grosso”, pelo simples fato de usarem outras camisas. Também não vou achar que os brasileiros Kleberson, Doni e Josué passaram a ser craques indiscutíveis porque doravante se revestem de amarelo.
O time pode ser campeão, sim, mas não será fácil. E somos torcedores, sem ter que acreditar que a seleção é a “Pátria de Chuteiras”... Esse patriotismo barato referia-se a um Brasil desconhecido no cenário internacional, sem orgulho, sem um mínimo de ordem, sem moeda, sem produto (além do café e do açúcar), uma sociedade rural envergonhada e ainda por cima falando uma língua que nem nossos vizinhos falam. O país do carnaval, das mulatas peladas, do café e, claro, campeão do mundo de futebol.
Nos últimos anos produzimos aviões e ganhamos campeonatos de automobilismo; passamos a exportar petróleo e temos (ao menos um) campeão mundial de natação; temos democracia, moeda, ordem econômica, bolsa, sendo campeões de vôlei, basquete, futsal e ginástica olímpica. Problemas? De A a Z temos todos, como os têm a maioria dos países. Claro que estou longe de esgotar o assunto, mas creio que você captou a idéia: nós não precisamos mais de um Dunga ou um time de futebol para poder gritar ao mundo que existimos e temos orgulho de nós mesmos! Caso negativo, não será um Dunga a mudar o quadro!

Um comentário:

Emilio - Entre dois mundos disse...

Muitos aqui nos EUA tem uma atitude semelhante: o patriota é o qu enão questiona. Triste mesmo. O pior é a pose de que fez a convocação em nome da coerência. Diz que não chamou pH Ganso por ser muito verde e não ter jogado pelo BRasil. Por que pos na lista de suplentes então? e assim por diante