
Neste século XXI, chamam de "footing" as caminhadas que se faz como um esforço esportivo, mas décadas atrás era diferente. Como funcionava?
Simples assim: aos sábados à noite, normalmente depois da sessão de cinema (mesmo as pequenas cidades tinham cinemas naquele tempo sem televisão e sem internet), homens e mulheres, moços e moças, dirigiam-se à praça pública e, como se houvesse um programa prévio, combinado e ensaiado, começava um desfile-paquera.
Homens ficavam estacionados e as mulheres, sempre aos pares, desfilavam, como
se não tivessem qualquer interesse em quaisquer dos rapazes ali presentes. À época, essa atitude feminina era chamada "recato" e era uma atitude comportamental quase obrigatória para "moças de bom trato".
Pois bem, as recatadas moças e os alvoroçados rapazes iam trocando olhares, até que - por meio da acompanhante da moça, normalmente a irmã mais jovem ou uma amiga mais feia - faziam chegar "recados" à donzelas de seu interesse. A linguagem dos olhares era fundamental ao processo de paquera e quem não fosse capaz de decifrá-la era, no mínimo, tímido. Ou tonto!
Havia outra forma de fazer a "candidata" saber do interesse masculino: o serviço de alto-falantes da praça. Pelo bravos locutores dos alto-falantes, a um custo mínimo, irrisório, se podia dedicar uma música a quem quisesse: "Vamos ouvir La Violetera, com Sarita Montiel. Canção que João dedica a Maria com carinho...".
Como terceira via, uns poucos, mais valentes ou atrevidos, dirigiam-se diretamente às suas candidatas, arriscando-se a ouvir um sonoro e público "não", mas, eventualmente, a um glorioso "sim", ou um esperançoso "vou pensar".
Havia arte e graça nessa forma primitiva de Facebook, on line, ao vivo, em cores e perfumado. A praça que hoje se chama Raphael de Souza, foi ponto de partida para muitos namoros e casamentos.
Bem, não sei exatamente se o antigo FOOTING foi o precursor do FACEBOOK ou se o Facebook nada mais é que um Footing Eletrônico. Cada tempo tem sua graça.
2 comentários:
Sendo mais velho que Vc. posso dizer que em pleno Rio de Janeiro há 55 anos passados também era mais ou menos assim. abraço, C.Trigueiro
No Blog não tem ainda a opção "curtir", mas, curti o Blog, ou melhor: o Blogarofalo!
Postar um comentário