14 de abr. de 2010

Breve visita a Manaus

Havia conhecido Manaus – e um pouco da floresta amazônica – 20 anos atrás. A viagem fora, na verdade, para comemorar meus 37 anos, com a família, levando os meninos (e a menina, claro) pequenos para terem seu primeiro contacto com aquela realidade de esperado deslumbramento.

Fizemos os programas de praxe, obrigatórios aos visitantes de primeira viagem: primeiro, conhecer o encontro das águas, o mago espaço em que o Rio Negro “fica”com o Solimões, namora e casa , derivando o Rio Amazonas. Esse passeio se faz de barco, tipo um "Bateau Mouche" de triste memória. Mais instável que uma Kombi velha, de pneus carecas, em estrada barrenta! Não bastasse isso, o passeio foi assolado por uma tempestade tropical capaz de panicar até o velho capitão do “barco”. Depois, uma visita a uma tribo indígena que passa a sensação de quem, ao ver a aproximação de turistas, corre tirar as calças jeans, desligar celulares e MP3 (versão atualizada), esconder as embalagens de BigMac e tentar vender uns colarzinhos, arcos e flechas aos visitantes. O terceiro é uma caminhada por um trecho de floresta fechada em busca de um lago profundo onde se pode nadar, creio que sem riscos, mas com o pensamento selvagem em jacarés, piranhas, submarinos alemães, tubarões brancos da Austrália e o que mais a mente quiser trazer à baila numa hora dessas. Mas é delicioso, inclusive pelo terror que ocupa a cabeça dos meninos e nem por isso se divertem menos. Ao contrário, excita-os...

Fora isso, valia conhecer o casario antigo do centro, incluindo o belíssimo teatro, e – naquele momento histórico – fazer compra de bugigangas importadas que não eram abundantes, como hoje, no resto do País. Como águas e mágoas rimam (assim como os temperos amazônicos e os destemperos do corpo), nunca carreguei boas energias de lá. E não tinha Manaus como um roteiro daqueles que se sonha um dia voltar. Pois voltei neste abril de meu inferno astral! A trabalho, mas o fiz. Apenas três dias para ver que a cidade cresceu, inchou, progrediu...

Na entrada do centro de convenções, onde estivemos, um exemplo claro da comida típica dos tempos modernos, seja na Amazônia, seja em Tóquio ou na Tailândia: um McDonalds. Além dele, um moderno mall com as lojas que existem em Brasília, Porto Alegre, Paris e Salvador. Claro, um direito manauara ao mundo moderno, indiscutível. O teatro e o casario bonito continua lá! Uma pena que o mundo venha se padronizando (ou se pasteurizando) de forma que qualquer dia desses (Deus nos livre) se façam cidades iguais com exatamente os mesmos restaurantes, escolas, lojas e igrejas. Como os postos de gasolina nas estradas americanas! E que seja mais emocionante viajar pela internet que pessoalmente.
De qualquer forma só vi o encontro das águas pela janela do avião. Das mágoas, nenhuma notícia. Tudo muito profissional! Um dia volto, mas para conhecer Parintins, terra de Caprichoso e Garantido. Só lá!!!


-o-

Um comentário:

Tânia disse...

Coincidência! Conhecemos Manaus na mesma época e da mesma maneira, com a família. Incrível, também de lá trouxe as mesmas coisas.....mas que bom, mesmo as mágoas, já não as carrego mais.
Bom ter vc de volta, que seja de Manaus, ou de qualquer outro lugar, para onde o seu trabalho, ou sonhos, te levem. Beijo